"Das 65 pessoas que se registaram ao abrigo do Programa Retorno, 19 já regressaram voluntariamente a Timor-Leste, e também alertámos a OIM Timor para o apoio que era preciso dar", disse Vasco Malta, durante as audições que hoje decorreram na Assembleia da República, a pedido do Chega sobre a imigração timorense.
Salientando que a OIM Portugal não faz parte do grupo de trabalho que o Governo criou no seguimento das notícias que deram conta de um aumento exponencial da entrada de imigrantes timorenses em condições de trabalho e de vida muito vulneráveis, Vasco Malta disse que "a maior parte das pessoas com quem contactámos disseram que as duas razões principais para virem para Portugal são razões económicas e procura de trabalho".
Os inscritos no Programa Retorno, num total de 65, "são 64 homens e apenas uma mulher, havendo dois menores, e um deles já voltou para Timor-Leste, pessoas entre os 18 e os 30 anos, tendo a mais nova 17 anos e a mais velha 50", apontou.
Na audição, Vasco Malta explicou ainda que "a grande maioria dos timorenses encara Portugal como país de trânsito, tendo como destino final o Reino Unido, para aí procurarem trabalho", e apontou os acordos entre Timor-Leste e Austrália e Coreia do Sul como dois bons exemplos de migração sazonal.
Questionado sobre o facto de não pertencer ao grupo de trabalho criado pelo Governo, o responsável disse que "era importante que não só a OIM, mas também a sociedade civil, fizesse parte desse grupo" e apontou que consegue dar "uma solução aos que chegaram cá, viram que não era o que esperava e que querem voltar".
A falta de trabalho em Timor-Leste está a provocar um êxodo de trabalhadores jovens, com Portugal a tornar-se um dos principais destinos, com muitos a aproveitarem-se de condições de entrada mais fáceis do que outros países.
Uma procura que está a levar ao aparecimento de agências e de anúncios a tentar enganar jovens timorenses, a quem são cobradas quantias avultadas com a promessa de trabalho ou vistos.
Muitos timorenses acabam por ser enganados, sendo depois deixados praticamente ao abandono nos países de acolhimento, incluindo Portugal. As situações mais dramáticas vivem-se em Lisboa e em Serpa, com muitos timorenses na rua e outros a viver em grupo em instalações temporárias.
As famílias acabam igualmente por ficar com pesadas dívidas às costas, com empréstimos ilegais concedidos com juros elevadíssimos.
O conjunto de audições da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, feito a pedido do Chega, terminou com esta audição do chefe de missão da Organização Internacional para as Migrações Portugal, Vasco Malta, já depois de ter sido ouvida a alta comissária para as Migrações, Sónia Pereira, e o diretor nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Fernando Silva.
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