O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, detém uma quota de mil euros na sociedade imobiliária Eurolocarno, fundada em 2014, por António João Barata da Silva Barão, envolvido num negócio que lesou o fundo de resolução do Novo Banco em 260 milhões de euros. Em causa esteve a venda, em 2017, por parte do Novo Banco, de 13 mil imóveis a um fundo anónimo, denominada internamente no banco como 'Portfólio Viriato'.
A CNN Portugal avançou com a notícia, revelando que a sociedade imobiliária, da qual Gomes Cravinho só se tornou sócio em 2020 (declarando-a ao Tribunal Constitucional e ao Parlamento), está por trás da venda deste 'megaportfólio', em que, alegadamente, as propriedades foram vendidas por valores muito abaixo do valor pelo qual que estavam avaliadas. Foram vendidas por 364 milhões de euros, quando estavam avaliadas, diz a CNN Portugal, em 613 milhões de euros.
Segundo a mesma cadeia televisiva, António da Silva Barão e a mulher registaram cinco sociedades imobiliárias de uma só vez.
Mas as dores de cabeça com a Justiça dentro desta sociedade imobiliária não se ficam pelo seu fundador, Silva Barão. Em 2015, a gerência passou para Marcos de Almeida Lagoa, atualmente sócio de Gomes Cravinho, que também foi condenado por fraude fiscal. Lagoa, que detém metade da quota do ministro, foi um dos 11 arguidos no processo dos CTT e foi julgado por vários crimes económicos que terão causado 13,5 milhões de euros de prejuízo aos Correios. Em causa estará um negócio de venda de dois imóveis dos CTT. Um edifício dos Correios em Coimbra terá sido vendido por cerca de 15 milhões de euros e, no mesmo dia, terá voltado a ser vendido pela mesma empresa, por 20 milhões.
Em resposta às questões da TVI, o ministro Gomes Cravinho alegou não ter conhecimento dos problemas judiciais dos seus sócios. Mais tarde, afirmou que a Eurolocarno "nunca teve qualquer problema com a justiça, tendo a sua situação judicial e fiscal regularizadas", e assegurou que "tem declarado sempre" a participação nesta sociedade imobiliária junto do Tribunal Constitucional: "Uma participação minoritária no valor de 1.000 euros, 20% do capital social."
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