"Posso adiantar que se verifica alguma interferência geográfica entre a ponte prevista pelo TGV e pela ponte prevista pelos municípios do Porto e de Gaia, e que essa interferência geográfica tem de ser resolvida, sob pena de os nossos cidadãos não compreenderem a racionalidade da utilização dos dinheiros públicos", afirmou Pedro Baganha à margem da reunião privada do executivo da Câmara do Porto.
Questionado pelos jornalistas se o júri do concurso de conceção e construção da ponte rodoviária D. António Francisco dos Santos já se tinha pronunciado, o vereador com o pelouro do Urbanismo afirmou que o júri "está a encerrar o relatório" e que, "muito em breve" existirão "novidades" sobre o tema.
Também questionado se, face a essa "interferência geográfica" a decisão do Porto e de Gaia tenderia para uma ponte única com dois tabuleiros, Pedro Baganha assinalou ser necessário "analisar", nomeadamente, se a solução "é tecnicamente possível" e se "não há soluções que se enquadrem no caderno de encargos do concurso".
Em 25 de janeiro, a Câmara do Porto afirmou, resposta à agência Lusa, que ainda aguardava a pronúncia do júri e a emissão do relatório preliminar relativamente à ponte rodoviária sobre o rio Douro para poder, com a Câmara de Vila Nova de Gaia, tomar uma decisão.
A autarquia lembrou ainda que o relatório "será sempre sujeito a audiência prévia dos concorrentes" e que, só depois da sua pronúncia, "será emitido um relatório final que poderá ser do conhecimento público".
Em 22 de dezembro de 2022, à margem de um almoço de Natal com os homólogos de Vila Nova de Gaia e de Matosinhos, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, adiantou que o relatório do júri deveria ser conhecido "durante os primeiros dias de janeiro".
"Acredito que o júri, durante os primeiros dias de janeiro, deve mandar-nos um relatório preliminar relativamente a estas propostas", adiantou, dizendo que só nesse momento os municípios do Porto e Gaia vão analisar se as mesmas são "exequíveis".
"Lançámos um concurso, foram entregues seis propostas, não sabemos se alguma delas se enquadra nas condições do caderno de encargos", afirmou, dizendo também desconhecer os "valores" propostos pelos concorrentes.
Questionado sobre a possibilidade de a ponte ter dois tabuleiros, albergando a linha de alta velocidade no tabuleiro superior e a rodovia no inferior, Rui Moreira disse acreditar que "as duas travessias devem ser compatibilizadas".
"A alta velocidade introduz um novo fator que não deixará de pesar nas decisões que forem tomadas", acrescentou, dizendo que a decisão dos municípios não vai nem ignorar, nem excluir "que é necessário compatibilizar" as duas travessias.
O concurso público para a "Empreitada de Conceção-Construção da Ponte D. António Francisco dos Santos e Acessos" foi lançado a 25 de junho de 2021, pelo preço base de 38,5 milhões de euros.
A concurso foram admitidos sete candidatos: a empresa Puentes y Calzadas Infraestructuras S.L.U., o consórcio de Alexandre Barbosa Borges, S.A. e Construgomes Engenharia, S.A., o consórcio Mota-Engil, Engenharia e Construção, S.A. e Omatapalo - Engenharia e Construção, S.A., o consórcio Afavias - Engenharia e Construções, S.A., Casais - Engenharia e Construções, S.A. e Teixeira Duarte - Engenharia e Construções, S.A., o consórcio Ramalho Rosa Cobertar, Sociedade de Construções, S.A. e FCC Construcción, S.A., o consórcio Alberto Couto Alves, S.A., Alves Ribeiro, S.A. e Betar Consultores, Lda., e a empresa Conduril - Engenharia, S.A..
Em 21 de outubro de 2022, a Câmara do Porto adiantou à Lusa que, dos sete candidatos, seis tinham submetido propostas.
Questionada à época pela Lusa sobre o que acontecerá ao concurso, uma vez que a ponte em causa poderá vir a ser incluída no projeto da linha de alta velocidade, a autarquia remeteu para as declarações prestadas a 27 de setembro pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, quando afirmou que "se nada surgir em contrário, a ponte D. António Francisco dos Santos será naturalmente construída".
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