"É preciso reforçar a responsabilidade dos professores na aprendizagem dos alunos que estão sem aulas. Confiamos na garantia que os professores são capazes de encontrar estratégias para assegurar as aprendizagens", disse a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), em declarações à Lusa.
Mariana Carvalho referia-se ao impacto da greve iniciada em dezembro do ano passado, mas também aos casos de alunos que continuam sem aulas por falta de professores atribuídos.
Neste momento ainda decorre uma greve até dia 24, promovida pelo Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (Stop), tendo o Tribunal Arbitral decidido que, a partir de quinta-feira, os professores terão de garantir pelo menos três horas de aulas diárias.
Os pais defendem que é preciso realizar um levantamento que permita perceber e identificar as diferentes situações que se vivem nas escolas, para depois se poder avançar com "estratégias diferenciadoras" que permitam minimizar as desigualdades.
As greves nas escolas "afetaram de forma muito diferente os alunos": "Há imensas escolas que não sentiram qualquer efeito das greves, outras estiveram um ou dois dias fechadas, o que é facilmente gerível e recuperável. Mas depois há casos de alunos que praticamente não tiveram aulas durante todo o mês de janeiro, nomeadamente na zona do Algarve e de Lisboa", afirmou.
"É preciso acautelar a situação dos mais prejudicados para que possam recuperar matérias", disse a representante dos encarregados de educação, considerando que os casos mais problemáticos são os de alunos que vão mudar de ciclo e os do secundário que vão realizar exames para se candidatarem ao ensino superior.
Defendendo que os exames nacionais devem manter o mesmo grau de dificuldade, as associações de pais pedem que se avaliem as necessárias medidas que permitam recuperar as aprendizagens perdidas: "Não gostaríamos que houvesse uma maior sobrecarga nos alunos", disse.
A representante dos pais lembrou que existem "muitas estratégias" que os professores podem usar, tais como constituir grupos mais pequenos de aprendizagem, contar com a ajuda dos próprios alunos, que se podem apoiar mutuamente, ou aulas de apoio "que nunca poderão ser durante o mês de agosto".
"A Confap acredita na autonomia e responsabilidade dos professores e confia nas estratégias e soluções que garantam que os alunos sem aulas possam recuperar as aprendizagens", acrescentou.
Para a confederação, também faz sentido prolongar o Plano de Recuperação de Aprendizagens criado pelo Governo para tentar colmatar as falhas provocadas pelo confinamento forçado pela pandemia de covid-19.
A representante dos pais voltou a apelar a um consenso entre sindicatos e ministério da Educação.
A tutela iniciou, este ano letivo, as negociações para um novo modelo de contratação e colocação de professores que, desde o início, contou com a oposição dos sindicatos.
Em dezembro, o Stop convocou uma greve por tempo indeterminado, que ainda está a decorrer e tem já pré-avisos entregues até 24 de fevereiro.
No final da semana passada, o Tribunal Arbitral voltou a definir novos serviços mínimos que agora passar a garantir também três horas de aulas nas escolas.
Em janeiro começaram outras greves promovidas por outras estruturas sindicais, que foram acompanhadas por fortes protestos e manifestações. No sábado, realizou-se a última manifestação nacional de professores que, segundo a Federação Nacional de Professores (Fenprof), reuniu cerca de 150 mil professores.
Os próximos dias 02 e 03 de março poderão voltar a ser dias de greve dos professores, caso não haja acordo nas negociações que vão ser retomadas entre sindicatos e ministério.
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