O presidente do Chega, André Ventura, reagiu, esta quinta-feira, à notícia de que o padre Mário Rui Pedras, seu confessor, foi um dos quatro clérigos que o Patriarcado de Lisboa afastou nos últimos dias, dado que o seu nome consta na lista de suspeitos de abusos sexuais elaborada pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças da Igreja Católica Portuguesa.
"Fiquei chocado, como fico em todas estas circunstâncias. Fiquei chocado, particularmente. É sabido que o padre Mário Rui [me] é próximo, casou-me, esteve comigo enquanto eu era estudante universitário. É uma notícia que me choca bastante, e particularmente", explicou o líder partidário quando questionado se estava surpreendido com a situação, durante uma conferência de imprensa marcada par esclarecer questões sobre a reunião com forças sindicais.
Sublinhando que todos os casos que pudessem ocorrer neste âmbito o deixavam chocado, Ventura defendeu que a proximidade não mudava a sua visão em relação à procura de justiça. "Nada muda a minha visão em relação às coisas. A justiça tem de ser aplicada, e tem de ser aplicada para todos, seja em que circunstância for, seja com que proximidade for, seja quem seja", notou, acrescentando: "Choca-me e abala-me, mas a justiça de tem de ser feita".
Questionado sobre se, dada a relação de proximidade, alguma vez teve alguma desconfiança de que o seu líder espiritual pudesse ser responsável por crimes desta natureza, Ventura respondeu: "Vivi num seminário e depois numa igreja enquanto estudante universitário. Fui religioso e continuo a ser. Faço parte. Continuo a ir e a estar. Nunca fui alvo de nenhuma espécie de abuso, tentativa ou de algo parecido", garantiu.
Ventura clarificou mesmo que nunca assistiu a nada que levantasse suspeitas por parte "de ninguém, muito menos por parte desse sacerdote", e apelou a que todos os casos fossem investigados - sem quaisquer interferências. "Que seja feita justiça. Mesmo quando são pessoais, chocam e doem", rematou.
O líder partidário referiu também que não falou com o padre em questão, e que só soube que ele fazia parte da lista de suspeitos quando a notícia foi dada.
Foi o sacerdote que, numa nota dirigida aos fiéis, revelou que era suspeito. O responsável nega as acusações de que é alvo, pormenorizando a situação, e dizendo que a denúncia anónima não "fornece qualquer pista para levar a cabo uma investigação". "A notícia assim transmitida chocou-me profundamente", confessa o padre.
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