Marcelo Rebelo de Sousa comentou, esta quarta-feira, o rescaldo do ataque no Centro Ismaili de Lisboa, na terça-feira, que resultou na morte de duas mulheres. "Aquilo que foi apurado até agora parece confirmar" ser "um caso individual, que era um caso psicológico, pessoal e familiar que ocorre em muitas circunstâncias com muitas pessoas".
"Os primeiros dados da situação mostravam que era muito provável que fosse um caso isolado e os portugueses reagiram com a mesma serenidade. Genericamente, a sociedade portuguesa reagiu muito bem, porque reagiu com bom senso", disse o Presidente da República aos jornalistas, em Cascais, após reunião do Conselho de Estado.
"Temos quase 900 anos, já vimos tudo. Situações, de facto, graves, já tivemos algum terrorismo, felizmente pouco, já tivemos situações de criminalidade mais ou menos grave, já vivemos uma revolução, com tudo o que podia ter, e não teve, de muito sangrento. Relativizamos aquilo que deve ser relativizado e percebemos aquilo que é grave", considerou o Presidente da República, que afastou que o caso tenha resultado de um fraco acompanhamento dos migrantes que chegam ao país.
"Aqui, não podia ser mais atento esse acompanhamento. Precisamente, se houve problemas, foi por ser-se muito atento. Se houve reação pessoal - vamos ver se essa é a explicação - é precisamente porque houve da parte da comunidade a preocupação com aquela família, com o enquadramento familiar e o comportamento no quadro da família", considerou o chefe de Estado, acusando este de, possivelmente, ser um dos casos "em que as reações perante a intervenção de instituições no exercício do poder parental suscitam reações".
Duas mulheres foram mortas na terça-feira, no Centro Ismaili, em Lisboa, num ataque com uma arma branca por um homem que foi detido e que está hospitalizado após sido baleado pela polícia.
O ataque - cuja motivação é ainda desconhecida - fez mais um ferido, e foi condenado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.
A Comunidade Muçulmana Ismaili em Portugal é constituída por cerca de 8.000 pessoas, que seguem os preceitos de um dos ramos xiitas do Islão. O Islão é uma das principais religiões monoteístas, cujos fiéis constituem um quarto da população mundial.
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) afirmou que "não há um único indício" de que o ataque tenha sido um ato terrorista, admitindo ter resultado de "um surto psicótico do agressor".
Presidente não comenta nova falha no NRP Mondego
Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda questionado sobre a nova polémica em torno do navio NRP Mondego, que falhou, novamente, uma missão, na terça-feira. O Presidente da República recusou comentar o caso, no entanto, considerando que seria "contraproducente", já que "paralelamente decorre um procedimento anterior, portanto acumulação do tempo nos dois exige distanciamento suficiente para as autoridades competentes se pronunciarem".
[Notícia atualizada às 15h17]
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