"Não estamos fechados a ouvir os jovens e as propostas que têm para atingir e acelerar [a transição energética]. Além de explicarmos tudo o que estamos a fazer, obviamente estamos disponíveis para que os jovens, que estão em manifestações e em greves climáticas, nos apresentem as suas propostas e como é que acham que é possível acelerar mais rápido. Obviamente não deixando as pessoas para trás e não criando disrupções sociais, que dispensamos no nosso país", afirmou Duarte Cordeiro à Lusa, à margem do Encontro Anual BUPi 2023, na Batalha.
O ministro sublinhou que se "houver boas ideias que permitam chegar mais rápido", não será o Governo a fechar-se a elas.
O governante respondia à Lusa no dia em que estudantes do ensino secundário e superior voltaram hoje a manifestar-se para exigir o fim ao combustível fóssil até 2030 e a eletricidade 100% renovável até 2025, numa ação do movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!".
Duarte Cordeiro afirmou que o "Governo respeita a voz dos mais jovens e respeita muito a exigência das novas gerações".
"Mal estávamos se as novas gerações não fossem exigentes, não fossem audaciosas, não fossem ambiciosas", disse, ao sublinhar que o Governo "está a fazer tudo o que pode para acelerar a transição energética e a produção de energias renováveis".
"Durante o primeiro trimestre deste ano, tivemos cerca de 70% da nossa eletricidade produzida por fontes renováveis. Estamos a procurar ser rápidos. Essencialmente, a fonte renovável do nosso país advém de termos água nas barragens e de termos vento. Estamos muito atrasados no solar", admitiu o governante.
Segundo o ministro, em 2021, Portugal tinha, em 17 gigawatts de capacidade renovável, 1,7 de solar. "No ano que passou, conseguimos instalar mais um gigawatt de energia renovável, sendo que veio metade de produção descentralizada - produção dos prédios, das zonas urbanas, das comunidades e a outra metade de centros produtores de maiores dimensões. Estamos a procurar crescer muito rapidamente", reforçou.
Duarte Cordeiro informou que, desde janeiro de 2022, o Governo já licenciou "cerca de quatro gigawatts que vão ser implementados nos próximos tempos".
"O Governo quer também lançar um concurso de eólico 'offshore' para poder, através do vento que se gera no mar, ter uma maior capacidade de produção de energia renovável. Com o sol e com o vento no mar, acreditamos que vamos conseguir ter mais energia renovável o ano inteiro e aproximar-nos dessas metas muito ambiciosas que os jovens querem", acrescentou.
Segundo o ministro, é um "exercício muito difícil" atingir a meta exigida pelo jovens portugueses, que é "ter 100% de energia renovável no país".
"O nosso país está entre os cinco países com melhores resultados a nível europeu. Estamos a acelerar, o que nos coloca perante um país que, apesar de estar entre os principais países com resultados, não desiste. Ouve as novas gerações no sentido da sua ambição e está a procurar responder. Muitos dos objetivos e métricas que os jovens portugueses nos colocam são muito difíceis de alcançar", insistiu.
Duarte Cordeiro adiantou que o país vai "tentar antecipar a neutralidade carbónica conforme é exigido", mas "dificilmente para os prazos que são solicitados".
"Vamos tentar antecipar a percentagem de renovável na produção de eletricidade e chegar a 80% no final deste mandato. Será difícil chegar aos 100% que os jovens reclamam", concluiu.
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