Portugal já bateu vários recordes de temperaturas desde o início do mês de abril, podendo, esta quinta-feira, bater um com 78 anos, tal como confirmou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que admite que este tem sido "um período marcante" no que respeita às máximas.
Note-se que Portugal enfrenta uma onda de calor devido a uma massar de ar quente vinda do norte de África e, esta quinta-feira, os termómetros podem registar os 37 graus em algumas regiões - caso aconteça, é batido um recorde com 78 anos, que pertence ainda a Pinhão, quando a 20 de abril de 1945 chegou aos 36 graus.
Ricardo Deus, do IPMA, comentou a situação em declarações na CNN Portugal e admitiu: "O mês de abril acabou por ser um período bastante marcante no que respeita às temperaturas do ar, nomeadamente temperatura máxima do ar, mas também em relação à precipitação", disse, alertando que este é "um período que estamos ainda a ultrapassar".
"Em relação à temperatura máxima do ar já foram batidos alguns recordes desde o início deste mês, de algumas estações", confirmou.
Apesar de as previsões apontarem para um "decréscimo da temperatura máxima" no próximo fim de semana, prevê-se que "esta continuação de temperatura elevada ocorra nos próximas dias". No entanto, este decréscimo, "faz com quem possamos interromper o fenómeno da onda de calor que temos também registado em alguns lugares do território".
Em abril tem estado a ocorrer uma onda de calor "com comportamento atípico" , uma vez que já se dividiu, praticamente, em três períodos - no inicio do mês, 11 dias, a meio do mês, sete dias, e esta nova onda, que teve início dia 23.
Ainda assim, o especialista destaca que o fenómeno "não é inédito".
"Curiosamente, as ondas de calor neste período do ano, nós tendencialmente achamos que elas ou não acontecem ou acontecem muito poucas vezes. E é verdade, elas acontecem muito poucas vezes. Portanto, este fenómeno não é um fenómeno inédito em Portugal continental", notou, olhando para os últimos anos e apontando como exemplo 2011 e 2017.
A longo prazo, apesar de notar que essa é sempre uma "previsão com grau de assertividade muito mais baixo", o IPMA admite que os indicadores de clima indicam que o próximo verão deverá ser com "temperaturas acima do normal e com todas as preocupações" que advêm desse facto.
Só na quarta-feira foram batidos seis recordes
Recorde-se que uma massa de ar quente com origem no norte de África e transportada na circulação de um anticiclone localizado junto à Península Ibérica está a atingir Portugal continental, "originando valores de temperatura muito acima da média para a época do ano, em especial da máxima e na região Sul, onde a anomalia prevista para esta quinta-feira será entre 10º a 15ºC acima da normal climatológica", tal como indicava uma nota anteriormente revelada pelo IPMA.
Ontem, "foram ultrapassados valores de temperatura máxima absolutos para o mês de abril em algumas estações automáticas do IPMA, estando a maioria localizadas na região do Alentejo". Destacam-se, entre outras, "as estações de Neves-Corvo (35.4°C), Alvalade (35.2°C), Alcácer do Sal (35.0°C), Mértola (34.9°C), Amareleja (34.4°C) e Évora (33.3°C)".
Hoje, "prevê-se que sejam atingidas as temperaturas máximas mais elevadas deste evento de tempo quente, com valores que deverão variar entre 33 e 35°C, podendo muito localmente atingir 37°C, no interior da região Sul, Ribatejo e Beira Baixa".
Nos dias 28 e 29 de abril, o IPMA espera uma descida da temperatura máxima em todo o território "e que será mais significativa no litoral Norte e Centro mantendo-se ainda valores entre 28 e 32°C em muitos locais da região Sul".
Estas condições meteorológicas, associadas também a valores baixos da humidade relativa do ar, resultam também num aumento significativo do perigo de incêndio rural.
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