Três dias após o ministro das Infraestruturas, João Galamba, ter sido acusado pelo seu ex-adjunto de querer mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP e de estar envolvido numa polémica que envolve o roubo de um computador do Governo, o primeiro-ministro, António Costa, quebrou o silêncio.
O caso, recorde-se, envolve Galamba e o ex-adjunto Frederico Pinheiro, que foi exonerado na semana passada, após, segundo o próprio, se recusar a afirmar que "não existiam notas da reunião" entre membros do Governo, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS) e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, nas vésperas de uma audição à gestora, em janeiro.
Após ter sido demitido, Frederico Pinheiro ter-se-á dirigido ao Ministério das Infraestruturas, onde, de acordo com João Galamba, agrediu duas pessoas e "levou um computador" que era propriedade do Estado. O caso foi reportado ao secretário de Estado adjunto de António Costa e à ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao Serviço de Informação e Segurança (SIS) e à Polícia Judiciária (PJ).
Na noite de segunda-feira, o gabinete de António Costa referiu que o primeiro-ministro "não foi nem tinha de ser informado" acerca do "roubo de computador com documentos classificados".
"O Ministério das Infraestruturas deu - e bem - o alerta pelo roubo de computador com documentos classificados", lê-se numa declaração enviada ao jornal Observador. "As autoridades agiram em conformidade no âmbito das suas competências legais".
Já em declarações à RTP 3, o primeiro-ministro considerou que o caso "nem a título de exceção é admissível", mas recusou comentar o comportamento de João Galamba "porque é obviamente legítimo que um ministro demita um colaborador em quem perdeu confiança".
"É muito claro para mim que o ministro não escondeu nem pretendeu esconder qualquer documento da comissão parlamentar de inquérito (sobre a TAP) e entregou à comissão parlamentar de inquérito os documentos que estavam em causa. Acho normal que, perante o roubo de um computador que tem documentos classificados, haja um alerta e que as autoridades atuem em conformidade", disse ainda sobre as acusações de Frederico Pinheiro.
António Costa referiu que irá falar, esta terça-feira, com o ministro das Infraestruturas, mas defendeu que o caso não tem a ver com uma atuação individual e específica de ninguém, "mas que tem a ver com aquilo que tem de ser a atitude do Governo perante a governação e a atitude exemplar que tem de ter, relativamente à credibilidade das instituições, e isso obviamente foi aqui afetado".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou, no sábado, comentar a polémica e referiu, em declarações aos jornalistas, que a primeira pessoa com quem iria falar quando tivesse a informação completa sobre o caso seria o primeiro-ministro.
Na segunda-feira, explicou que "matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente" e não avançou quando falaria com António Costa.
Segundo o jornal Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa conversou com o primeiro-ministro no sábado, tendo deixado claro que Galamba "não tem condições para continuar no Governo" e que o se passou no ministério "põe em causa a credibilidade do Estado".
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