O ministro da Educação, João Costa, respondeu, esta sexta-feira, a várias críticas da oposição, que lhe têm vindo a ser deixadas ao longo do tempo.
"O Governo nem passa culpas, nem faz coisas vagas", afirmou, dirigindo-se à deputada da Iniciativa Liberal Carla Castro. Durante a sua intervenção, que decorre esta manhã no Parlamento, o responsável pela pasta da Educação defendeu que o Executivo tem "atuado na resolução mais rápida, mais célere" na substituição de professores. O ministro defendeu esta ideia exemplificando com a substituição mais rápida que tem vindo a acontecer, uma redução no número de dias para essa substituição ou mesmo a revisão na mobilidade.
Dirigindo-se ao Chega, João Costa referiu ainda, em particular para o deputado Gabriel Mithá Ribeiro. "Fala sempre de décadas e eu calculo que para si as décadas de referências, tudo isto começou a descambar a partir do 25 de Abril de 1974. As evidências são exatamente o contrário", começou por dizer, sendo aplaudido.
"Se há a conquista da nossa democracia, se há a razão para não precisarmos de uma 4.ª República - como o seu líder diz - é mesmo o que Portugal conseguiu no quadro do sistema educativo", defendeu, referindo que o deputado repetia "sempre a mesma canção".
João Costa deixou ainda um conselho à deputada Joana Mortágua. "Tem de estar mais atenta. Logo hoje eu disse que há problemas", admitiu, acrescentando que o Executivo os estava a resolver. "O Bloco de Esquerda fez parte da solução em muitos desses anos em que diz diz que não se fez nada pelas carreiras dos professores", apontou ainda, referindo-se à 'Gerigonça'.
"Dizer que também há problemas noutro país não é [dizer] que com o mal dos outros podemos nós bem. È perceber que os problemas complexos não se resolvem nem com simplismos da deputada Joana Mortágua, nem com os reducionismos do deputado Gabriel Mithá Ribeiro", rematou.
Mas de que críticas foi o ministro alvo?
A oposição acusou o Governo de incapacidade para responder aos problemas na educação, indicando que há 90 mil alunos sem, pelo menos, um professor, com o ministro a recusar "qualquer falta de planeamento ou inação".
No debate de atualidade requerido pelo PCP sobre o "início do ano letivo do ensino básico e secundário e no ensino superior" - que contou com a participação dos ministros da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - o deputado do PSD António Cunha considerou que o que está a acontecer nas escolas é "uma desgraça".
"Quem anda na escola sabe que há falta de professores, que os professores estão sobrecarregados de burocracia, que o Governo é intransigente e não respeita os professores... Os senhores vieram aqui fazer um retrato fantástico sobre aquilo que se está a passar, mas há três anos letivos consecutivos que há falta de professores!", criticou.
Na mesma linha, o deputado do Chega Pedro Frazão acusou o ministro João Costa de "total incompetência para resolver os problemas da educação", abordando em particular a temática dos alunos estrangeiros nas escolas portuguesas. Já a deputada A deputada da IL Carla Castro considerou que houve "falta de planeamento e de perspetiva" na preparação do ano letivo, acusando o executivo de "estar a desgovernar a educação, a delapidar o motor do desenvolvimento individual, do elevador social".
PS reconheceu problemas
Antecipando estas críticas, o deputado do PS Porfírio Silva reconheceu que "há problemas" na educação, mas referiu que o Governo está a "tratar de os resolver", apresentando estatísticas segundo as quais, entre 2015 e 2022, a percentagem de jovens entre os 25 e os 34 anos que concluíram o ensino superior "subiu de 33% para 44%", enquanto os que não concluíram "desceu de 33% para 17%".
"A oposição de direita o que faz é repetir que governamos há oito anos e ainda assim, vejam lá, existem problemas no país. É uma espécie de raciocínio típico de quem nunca assumiu responsabilidades governativas ou de quem assumiu mas já se esqueceu do que isso significa"
João Costa garantiu que 98% dos alunos têm todos os professores atribuídos
Nesta 'maré' de críticas na Assembleia da República, o ministro referiu ainda que 98% dos alunos têm todos os professores e aulas a todas as disciplinas, garantindo no entanto que "qualquer situação de um aluno a quem falte um professor é de intervenção prioritária".
O ministro lembrou que 1,3 milhões de crianças e jovens regressaram na semana passada à escola e que "98% dos alunos têm aulas a todas as disciplinas. Todas as semanas várias centenas de horários estão a ser resolvidos, reduzindo-se todos os dias o número de alunos a quem falta um professor, apesar de todas as semanas estarem a chegar mais de 600 pedidos de substituição de horários".
Poucos minutos antes, Alfredo Maia tinha apresentado exemplos, apontando como o "cenário mais grave" o distrito de Faro, onde disse haver "8.800 alunos sem professores a todas as disciplinas", ou Beja, com 4.130 estudantes estavam a passar pelo mesmo problema.
[Notícia atualizada às 15h03]
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