"A calma foi restabelecida", após a "tentativa de minar a paz e a estabilidade, que estamos a trabalhar tão arduamente para alcançar", afirmou Julius Maada Bio num discurso na televisão estatal, no final de um dia em que assaltantes desconhecidos tentaram invadir um arsenal militar em Freetown, entraram em confronto com as forças de segurança em vários pontos da capital e libertaram muitos detidos da prisão.
As autoridades decretaram um recolher obrigatório em todo o país até nova ordem.
"A maior parte dos dirigentes foi detida", anunciou ainda o chefe de Estado, garantindo que serão conduzidos perante a justiça, sem dar mais pormenores.
Não foi divulgado um balanço oficial dos incidentes violentos.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram vários homens fardados detidos, nas traseiras ou ao lado de uma carrinha militar.
A autoridade da aviação civil pediu às companhias aéreas que reprogramassem os seus voos depois do levantamento do recolher obrigatório, assegurando-lhes que o espaço aéreo continuava aberto.
Os acontecimentos levantaram o espetro de uma nova tentativa de golpe de Estado na África Ocidental, que desde 2020 assistiu a golpes de Estado no Mali, Chade, Burkina Faso, Níger e na vizinha Guiné.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu um comunicado em que sublinhou a tentativa de obtenção de armas de um arsenal em Freetown, mas também de "perturbação da paz e da ordem constitucional", uma linguagem habitualmente utilizada na descrição de golpes políticos.
Também o representante local da União Europeia manifestou "preocupação" e apelou ao "respeito pela ordem constitucional".
A Serra Leoa, país anglófono, está a atravessar uma crise política na sequência de eleições presidenciais e gerais disputadas em junho de 2023. O país integra o grupo dos mais pobres do mundo.
Freetown amanheceu com o som de tiros, que o Governo explicou como uma tentativa de indivíduos não identificados de invadirem e acederem ao arsenal guardado no quartel de Wilberforce, um dos principais quartéis do país.
Os atacantes terão sido repelidos, não obstante, atacaram e forçaram a abertura dos portões da prisão central e de vários estabelecimentos penitenciários, permitindo a fuga de grupos de homens e mulheres, alguns carregando escassos pertences.
Julius Maada, eleito pela primeira vez em 2018, foi reeleito em junho na primeira volta das presidenciais, com 56,17% dos votos, segundo os resultados publicados pela comissão eleitoral, mas contestados pela oposição.
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