Na nota de imprensa, o CR do jornal sediado no Porto informa que a exposição enviada no sábado aborda seis temas: colaboradores (prestadores de serviços), despedimento coletivo, desaparecimento de revistas, mudança de 'sites', arquivo encaixotado e sem uso e a falta do estúdio de vídeo.
"É entendimento deste Conselho de Redação que, além da desvalorização do Jornal de Notícias, podem estar em causa questões de ingerência editorial, uma mudança da matriz editorial, a preservação do arquivo e até a sobrevivência de um jornal diferenciado e diferenciador, que dá voz às pessoas e mantém no espaço mediático português uma parte do país que dificilmente terá outro tipo de presença visível", lê-se no comunicado.
Neste contexto, o CR apelou à ERC para "travar a atual Comissão Executiva [do Global Media Group], que parece obstinada em atacar o JN".
Assinalando que a "legislação permite impedir atos de gestão e de controlo da empresa por acionistas que não cumpriram os deveres de comunicação e transparência", solicitam ao regulador que seja "firme na salvaguarda deste jornal histórico, que não só é património do país como um garante da salvaguarda do mesmo e um sustentáculo da democracia".
Entre o exposto, na questão dos colaboradores, o CR esclarece que dos 71, entre 12 e 15 têm participações regulares, dependendo da atualidade, [mas] apenas quatro têm avenças mensais. Dos outros 67 colaboradores, cerca de 20 fazem apenas fichas de jogos, uma a duas vezes por mês, enquanto os restantes, cerca de 35, colaboram, à peça, esporadicamente, consoante o noticiário local determina, lê-se.
No caso do despedimento coletivo, o CR expôs à ERC a fita do tempo do processo, desde a convocatória das delegadas sindicais para uma reunião em que foram informadas da intenção de despedir 140 a 150 pessoas, 40 das quais na redação do JN - que tem 80 jornalistas, entre Lisboa e Porto, incluindo diretores, revisores e agenda - ao email da administração a anunciar, durante o primeiro de dois dias de greve, a 6 e 7 de dezembro, a intenção de dispensar 200 trabalhadores.
O CR entende que a ameaça de reduzir para metade a redação do JN e a falta de pagamento do vencimento de dezembro e do subsídio de Natal "constituem não só uma forma de pressão sobre os trabalhadores como contribuem para a degradação das condições de trabalho dos jornalistas, o que tem um impacto direto para a liberdade de imprensa e, por acréscimo, para a democracia portuguesa".
A mesma organização lamenta, ainda, a forma como "está armazenado o arquivo, encaixotado num armazém, o que constitui um severo risco para a sobrevivência deste património cultural e histórico de Portugal".
Críticas também para "a falta do estúdio do JN Direto", considerando o CR a sua ausência "um retrocesso no trabalho desenvolvido pelo jornal, que cimentou uma forte presença no vídeo e no digital, conquistando prémios e a confiança dos leitores, na última década e meia".
"A falta de estúdio implica, além da receita desperdiçada, uma machadada na notoriedade do JN, arduamente conquistada, numa área tão importante do ponto de vista estratégico, perdendo-se um dos polos diferenciadores do Jornal de Notícias, um quotidiano centenário que se soube adaptar aos tempos, às novas linguagens e públicos, com produtos criativos e únicos no país", conclui o comunicado.
Na quarta-feira, os trabalhadores do GMG cumpriram um dia de greve contra a intenção de despedimento e os salários em atraso.
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