25 de Abril. Luso-venezuelanos têm "necessidade de saber o que aconteceu"

O embaixador português na Venezuela disse à Lusa que, passados 50 anos do 25 de Abril, os luso-venezuelanos querem saber mais sobre a "lição histórica que Portugal deu ao mundo", sublinhando que o assunto "permanece atual".

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Lusa
25/02/2024 06:54 ‧ 25/02/2024 por Lusa

País

50 anos do 25 de Abril

"Passaram 50 anos, mudou-se uma geração. Há gente mais nova no mundo (...) a nossa diáspora tem vontade de saber o que aconteceu ao país e tem a necessidade de saber o que aconteceu" no 25 de Abril, afirmou João Pedro Fins do Lago.

O diplomata falava à agência Lusa, em Caracas, no âmbito de um ciclo de conferências sobre a Revolução dos Cravos que teve como convidado o sociólogo e historiador português António Costa Pinto e que marcou o início das celebrações locais para assinalar os 50 anos do 25 de abril de 1974.

"O 25 de abril tem uma dimensão potencial mediática que ainda não foi suficientemente explorada. Penso que os 50 anos são um ponto de partida para transmitirmos essa mensagem tão importante para o mundo que o 25 de abril permanece atual", disse.

O diplomata frisou ainda que "é preciso estar permanentemente a despertar a consciência para aquilo que o 25 de abril alterou em Portugal e no mundo inteiro".

"[E] manter essa memória viva e com a distância que nos dá o cinquentenário, com a frieza que nos permite olhar para trás, perceber aquilo que de útil resultou para Portugal e para o mundo, é algo que nos move este ano nas comemorações que estamos a fazer", acrescentou.

"Lembramos hoje aqueles que há 50 anos atrás naquela madrugada permitiram aquela mudança, mas estamos também com os mais jovens hoje", defendeu, assinalando que "o 25 de abril permanece atual" e que é um "caminho para a democracia, como é um caminho para o desenvolvimento".

Sobre o ciclo de conferências, que tiveram lugar em Maracay, na Universidade Pedagógica Experimental Libertador e em Caracas, na Universidade Central da Venezuela e na Universidade Católica Andrés Bello, explicou que marcou "o início de um ano de comemorações do 25 de abril", localmente.

"É muito importante para Portugal, mas é muito importante também, em termos internacionais e seguramente para a América Latina. O 25 de abril é uma revolução. Começa por ser um golpe de Estado e é logo de seguida uma revolução, sem derramamento de sangue, que inicia uma vaga de mudanças pelo mundo inteiro, em termos de alteração de regime", frisou.

E, "teve, portanto, consequências enormes para os portugueses. Fez, em grande parte de Portugal, aquilo que somos hoje, um país desenvolvido e avançado e deu-nos a hipótese mais adiante de nos integrarmos na Europa. É, portanto, uma página incontornável da história portuguesa, uma página da história mundial e que assinalamos conjuntamente com a Venezuela e com a comunidade portuguesa durante este ano".

João Pedro Fins do Lago frisou ainda que "a mensagem, talvez, mais duradora e mais original de 25 de Abril, é que é possível a mudança de um regime de modo pacífico sem qualquer derramamento de sangue e com um efeito durador".

"É a grande lição que dá o 25 de Abril e que continua a ter atualidade nos dias de hoje pelo mundo inteiro. Merece, portanto, ser assinalado não só como um facto histórico, mas como um ponto de partida que se mantém atual nos dias de hoje", concluiu.

Leia Também: 25 Abril. "Não há riscos particulares para a democracia em Portugal"

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