A Ordem dos Enfermeiros está a avaliar as ações do enfermeiro que cometeu “atos absolutamente condenáveis sobre doentes especialmente vulneráveis” no Hospital de Abrantes, que faz parte da Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo, em Santarém.
“No passado dia 10 de abril deu entrada junto dos serviços da Ordem dos Enfermeiros Secção Sul uma participação sobre alegadas práticas de maus tratos e filmagens ilícitas de um enfermeiro inscrito nesta Ordem Profissional. A participação foi enviada para o órgão disciplinar competente da Ordem dos Enfermeiros, o Conselho Jurisdicional, para os devidos efeitos legais, encontrando-se em tramitação”, informou a entidade, num comunicado divulgado esta sexta-feira.
O caso foi também encaminhado “aos órgãos judicialmente competentes para a aferição de eventual responsabilidade criminal por parte do enfermeiro em questão”, tendo a Ordem esclarecido que “apenas durante a tarde de hoje foi rececionado um ofício meramente declarativo por parte da ULST Abrantes dando nota dos factos e da abertura de processo disciplinar ao membro em questão, mas sem a junção de qualquer tipo de suporte documental”.
A entidade apontou ainda que não prestará “qualquer declaração sobre este assunto até ao fim da regular tramitação processual e pronúncia definitiva do Conselho Jurisdicional”, ainda que tenha assumido estar “atenta e vigilante a todas as situações onde possam ser colocados em causa direitos e a qualidade da prestação de cuidados de saúde a todos os beneficiários dos serviços de enfermagem, em particular dos mais vulneráveis”.
Recorde-se que, na quinta-feira, a ULS do Médio Tejo revelou ter recebido, no dia anterior, uma denúncia anónima com filmagens “realizadas há pelo menos três anos, em vários locais de trabalho e internamento da Unidade Hospitalar de Abrantes”.
Nos vídeos, cujo teor não foi revelado, terão sido "perpetrados atos absolutamente condenáveis sobre doentes especialmente vulneráveis, que colocam em causa o respeito e dignidade pela pessoa humana e a deontologia inerente à nobre missão da prestação de cuidados de saúde".
Foi possível identificar pelo menos um enfermeiro nas imagens, tendo o conselho de administração determinado a sua “suspensão imediata”, assim como a instauração de um processo disciplinar com vista ao despedimento, a entrega de todo o material recebido ao Ministério Público e a formalização de queixa junto das entidades competentes.
A instituição confessou ainda pretender levar o caso "até às últimas consequências", reiterando o "pedido de desculpas pelo sofrimento causado".
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