No dia 7 de maio, perante a tragédia que assolou o Rio Grande do Sul, uma gaúcha em Portugal lançou o repto, para que fossem feitas doações, sob a premissa de que um avião as levaria até ao Brasil.
Durante dias, armazéns em todo o país foram-se enchendo, até que a organização SOS RS em Portugal anunciou que não aceitava mais doações.
No total, foram arrecadadas mais de 200 toneladas de bens que, afinal, não tinham um avião que as transportasse.
O caso está a tomar proporções diplomáticas, uma vez que foram várias as vozes que se juntaram para pedir um avião, fosse ele do Brasil ou de Portugal.
Pablo Marçal, conhecido empresário, político e influenciador digital brasileiro, fez um vídeo que chegou ao Governo brasileiro, levando a uma reação da Força Aérea.
Em entrevista no sábado, dia 11, o tenente-general Marcelo Damasceno anunciou que as doações seriam levadas por um avião da Força Aérea Portuguesa (FAP), uma vez que não seria viável transportar os donativos pelos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) porque tal levaria 35 horas. Nesse tempo, explicou, a FAB poderiam transportar mais de 150 toneladas dentro do próprio território e entregá-las na capital gaúcha.
Contudo, e em declarações ao Notícias ao Minuto, fonte da FAP garante não ter "dados que permitam confirmar esse transporte".
Por sua vez, a Embaixada do Brasil em Lisboa e no Porto, que começou por se demarcar de responsabilidades neste caso, estará já a organizar a logística das doações.
Em declarações ao Correio Braziliense, Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil em Portugal, garante que o objetivo é identificar todos os postos de receção dos donativos e calcular o seu peso, para que, logo que os meios de transportes sejam definidos, tudo possa chegar mais rapidamente aos gaúchos que enfrentam a maior tragédia climática da história brasileira.
"Diante dessa rede de solidariedade, estamos a fazer todo o esforço possível para que todas as doações cheguem ao Rio Grande do Sul", ressalvou, frisando, contudo, preferência pelos donativos financeiros.
O Notícias ao Minuto contactou a organização SOS RS Portugal e a Embaixada do Brasil em Lisboa e aguarda retorno.
As tempestades começaram há quinze dias e não pararam. No sul do Brasil o número de mortos chegou a 148, com 127 desaparecidos, e 2,1 milhões de pessoas afetadas em 447 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, onde há quase 81 mil pessoas em abrigos e meio milhão de desalojados.
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