No domingo à noite, o PSD venceu pela 14.ª vez consecutiva as eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, mas tal como em 2019 e em setembro do ano passado, falhou a maioria dos 47 lugares do parlamento.
Contudo, se em 2019 conseguiu essa maioria com o CDS-PP, e em setembro, quando concorreu coligado com os democratas-cristãos, negociou um acordo de incidência parlamentar com o PAN, agora Miguel Albuquerque diz estar disponível para falar com "todos os partidos".
Apaixonado por rosas, nos últimos oito meses foram vários os 'espinhos' que se atravessaram no caminho do também líder do PSD/Madeira, constituído arguido no final de janeiro num processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago.
Embora tenha começado por resistir, depois de o PAN romper o acordo de incidência parlamentar que tinha com o PSD, Miguel Albuquerque apresentou a demissão de presidente do Governo Regional, precipitando a queda do executivo e a marcação de eleições antecipadas.
Miguel Albuquerque chegou em tempos a ser considerado o 'delfim' de Alberto João Jardim, mas com o passar dos anos acabou por entrar em 'rota de colisão' com o histórico dirigente social-democrata antes de o suceder na liderança do partido e do executivo madeirense.
Nascido em 04 de maio de 1961 no Funchal, foram os avós maternos que educaram o líder do PSD/Madeira numa "infância bastante feliz", passada numa quinta.
A influência do avô materno, o tenente Machado, um resistente anti-fascista que chegou a estar preso em São Tomé e em Cabo Verde durante o Estado Novo, foi decisiva para seguir pelo caminho da política: "foi uma grande influência", relatou à revista Sábado pouco antes das eleições de setembro.
A música esteve também sempre presente na vida do líder social-democrata madeirense e, aos 16 anos, tocava piano em hotéis durante as férias. A banda Velhos Hotéis, mais tarde fundada com um grupo de amigos, foi herdeira desses tempos.
Depois de uma passagem por Lisboa para tirar a licenciatura em Direito, Miguel Albuquerque regressou à Madeira, onde exerceu advocacia entre 1986 e 1992, com escritório aberto no Funchal, especializando-se nas áreas de Direito Criminal e de Família.
Na política, os primeiros passos foram dados em meados dos anos 80, no Movimento de Apoio a Mário Soares para as presidenciais de 1986.
Em 1988, estreou-se nas legislativas regionais e foi eleito nas listas do PSD. Quatro anos mais tarde repetiu a eleição, quando também já liderava a JSD/Madeira (1990-1992). Entre 1992 e 1995, foi secretário-geral adjunto do PSD/Madeira.
Entretanto, em 1993 deixa a advocacia para ser número dois na lista do PSD/Madeira à Câmara Municipal do Funchal, encabeçada por Vergílio Pereira, que substituiu no ano seguinte, depois de o autarca se ter demitido por divergências com o então presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, sobre as transferências para o município.
Só deixou a presidência do município devido à lei de limitação de mandatos, em 2013, depois de vencer com maioria as autárquicas de 1998, 2001, 2005 e 2009. Nessa altura regressou à advocacia, dedicando-se ao Direito Empresarial.
Enquanto esteve à frente da maior autarquia madeirense foi igualmente presidente da Associação dos Municípios da Madeira (1994-2002), vice-presidente do PSD/Madeira e responsável pelo conselho de jurisdição da estrutura regional do partido, cargo a que renunciou, em abril de 2011, por discordar com a linha política seguida.
Foi, aliás, no final do mandato na presidência da Câmara do Funchal que o clima de crispação com o então presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira se acentuou, com Miguel Albuquerque a ser o primeiro a questionar a liderança de 40 anos de Alberto João Jardim, numas eleições diretas disputadas em 2012, das quais saiu derrotado por 142 votos.
Em dezembro de 2014 voltou a concorrer à liderança do PSD/Madeira, apresentando-se como um dos seis candidatos à sucessão de Jardim. Depois da vitória na primeira volta com 47,2% dos votos, na segunda volta contra Manuel António Correia alcançou 64%, tomando posse como presidente dos sociais-democratas madeirenses em 10 de janeiro de 2015.
O confronto com Manuel António Correia para a presidência do PSD/Madeira foi reeditado em março deste ano, já depois da queda do executivo, mas mais uma vez Miguel Albuquerque saiu vitorioso.
O líder do PSD/Madeira chegou à presidência do Governo Regional da Madeira em 20 de abril de 2015, após vencer com maioria absoluta as regionais de 29 de março.
À política foi juntando ao longo dos anos outras paixões, como por peças em porcelana ou, a mais conhecida de todas, pelas rosas. Chegou a ter a um dos maiores roseirais da Europa, na zona norte da ilha da Madeira, com uma coleção com cerca de 17 mil roseiras de mais de 1.700 espécies. O gosto pela horticultura levou mesmo a que fosse considerado "o chefe dos jardineiros da Quinta Vigia", a residência oficial do presidente do Governo Regional.
Pai de seis filhos, Miguel Albuquerque também já é avô.
Os amigos consideram-no "um bom garfo", mas nunca dispensou o desporto. Antes das corridas matinais na Avenida do Mar, ainda na juventude bateu recordes regionais de natação. Desses tempos, revelou numa entrevista, ficou a "autodisciplina, aquela ideia do treino, de ter horas marcadas para as coisas, do sacrifício, da persistência, da determinação".
[Notícia atualizada às 07h22]
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