"Penso que sou, talvez, um dos primeiros políticos a ter uma clareza enorme sobre esse tema. O vereador que foi acusado e eu, imediatamente, lhe pedi a sua suspensão do mandato", disse Carlos Moedas (PSD).
O autarca referia-se ao vereador da Cultura, Diogo Moura, acusado de "dois crimes de fraude em eleições, agravados".
Entretanto, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e presidente da distrital lisboeta do PSD Ângelo Pereira foi constituído arguido no caso "Tutti Frutti", confirmou na terça-feira à Lusa fonte ligada ao processo.
A informação foi avançada ao início da tarde pela CNN Portugal, que revelou que Ângelo Pereira -- responsável por pelouros Proteção Civil e Socorro, Desporto e Segurança e Polícia Municipal - terá estado já a consultar o processo no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
"Que eu saiba, o senhor vereador Ângelo Pereira não é acusado, mas a minha coerência será total. Um ponto é a pessoa estar a defender-se, estar como arguido, outra é estar acusado", disse o autarca, frisando que a sua posição "é claríssima".
Carlos Moedas garantiu que agirá de acordo com a sua linha de coerência, que, acrescentou tanto como "pessoa, como político está demonstrada".
"Portanto, fiz, e fui o único que fiz até agora, penso que há poucos exemplos desse no nosso país, pedir a suspensão a um vereador que foi acusado. Espero que ele se consiga defender, espero que a situação se resolva, mas a minha posição foi muito clara", salientou.
Questionado sobre se mantém a confiança politica em Ângelo Pereira, Carlos Moedas reiterou: "A minha posição foi, um vereador foi acusado e ele, como acusado, suspendeu o mandato. Um vereador está arguido, como muitos autarcas estão arguidos, a minha posição é coerente. Ele sabe, nós sabemos e penso que não há outro político que tenha tido uma posição tão clara como a minha".
No executivo liderado pelo social-democrata Carlos Moedas, Ângelo Pereira tem também como pelouros a Higiene Urbana, a Estrutura Verde e Plano Verde, a Gestão Cemiterial, a Frota, a Unidade de Coordenação Territorial, a Proteção Animal e a Acessibilidade Pedonal, gerindo ainda a Quinta Pedagógica dos Olivais e assuntos relacionados com meteorologia.
Foi eleito pela primeira vez presidente da distrital de Lisboa do PSD em 2019.
A operação batizada de "Tutti Frutti" investiga desde 2018 alegados favorecimentos a militantes do PS e do PSD, através de avenças e contratos públicos, estando em causa suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.
Este é o segundo caso judicial a envolver recentemente um membro do executivo municipal de Lisboa: em meados de maio, o Ministério Público acusou o então vereador da Cultura, o democrata-cristão Diogo Moura, de "dois crimes de fraude em eleições, agravados", por ter alegadamente procurado manipular os votos de militantes em dois atos eleitorais internos do CDS-PP (2019 e 2021).
Diogo Moura suspendeu o mandato, a pedido de Carlos Moedas. Numa nota enviada à Lusa, sublinhou que o processo "nada tem a ver" com as suas funções de vereador, "nem com decisões camarárias".
"O referido processo não só é exterior à CML -- trata-se de atos partidários - como reporta a um tempo bem anterior ao atual mandato municipal. Não fui pronunciado, julgado ou condenado. A natureza do processo é a de um ataque pessoal sem fundamento", defendeu, alegando estar "absolutamente inocente" e garantindo que irá prová-lo.
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