"O antigo edifício de A Capital são três edifícios completamente devolutos, para o qual foi anunciado um projeto de obra no mandato passado para 45 fogos de renda acessível mais o Museu dos Jornais", afirmou a presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira (PS), na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.
A autarca do PS questionava o executivo municipal após a vereadora das Obras Municipais, Filipa Roseta (PSD), ter informado que a Câmara de Lisboa está a trabalhar com os Artistas Unidos "na solução definitiva" de um espaço para acolher esta companhia de teatro, inclusive está a fazer a obra para que voltem ao Bairro Alto, de onde saíram em 2002.
Perguntando se a obra em causa é no antigo edifício de A Capital, o que Filipa Roseta confirmou, Carla Madeira expressou preocupação com a execução do projeto de 45 fogos de renda acessível, defendendo que a oferta de habitação é "uma necessidade urgente no centro histórico".
"Estamos a falar de uma obra que vai demorar muitos, muitos anos, portanto, nessa altura, se não for encontrado um local alternativo para os Artistas Unidos, eu lamento informar, mas eles vão desaparecer, porque aquele edifício pode ser uma solução daqui a uma década, mas não é uma solução neste momento", alertou a socialista.
Em resposta, a vereadora Filipa Roseta afirmou que a presidente da junta "devia ficar satisfeita e não preocupada", explicando que o projeto estava a ser feito e o executivo decidiu incluir "um espaço para os Artistas Unidos no rés-do-chão, no sítio que ia ser um museu, uma zona cultural, vai ser um espaço para 80 pessoas".
"No rés-do-chão para baixo é todo o espaço para que eles possam ficar", indicou a vereadora das Obras Municipais, referindo que se prevê uma sala para 80 pessoas e uma segunda sala lateral para uma audiência mais pequena.
Sublinhando que "esta é a solução a longo prazo", a autarca do PSD reforçou que, com esta proposta, os Artistas Unidos poderão "voltar ao sítio simbólico de onde saíram": "Acho que é uma grande felicidade que assim seja".
Partilhando da preocupação quando à solução imediata para os Artistas Unidos, porque "fazem parte do património cultural da cidade e ninguém quer que desapareçam", pelo contrário, pretende-se "reforçar a presença deles na cidade no sítio original de onde eles saíram", Filipa Roseta acrescentou que a companhia de teatro está a procurar fazer espetáculos noutras salas.
Quanto à concretização da empreitada no antigo edifício de A Capital, a vereadora recusou a ideia de ser necessário uma década, referindo que são "dois anos de projeto, dois anos de obra".
"Estamos a três anos da obra [concluída], se não houver nenhum problema", apontou, frisando que "é uma obra prioritária" e considerando que os Artistas Unidos "estão satisfeitos" com este espaço no antigo edifício de A Capital.
A situação dos Artistas Unidos foi abordada pela deputada municipal do PCP Natacha Amaro, lembrando que, enquanto decorre a reunião da assembleia, a companhia de teatro está a entregar a chave do Teatro da Politécnica, onde esteve nos últimos 13 anos, e "não tem para onde ir".
Na quinta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), revelou que a companhia de teatro Artistas Unidos será acolhida no Teatro Variedades, no Parque Mayer, que vai reabrir em 05 de outubro, após obras de reabilitação.
"A reabertura do Teatro Variedades vai juntar companhias independentes que não têm 'casa' e não têm nada a ver umas com as outras. Vamos lá ter os Artistas Unidos, a Marina Mota, o teatro de revista", disse Carlos Moedas, escusando-se, para já, a mais detalhes sobre a programação do espaço.
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