O grupo de extrema-direita 'Habeas Corpus' publicou uma lista nas redes sociais com vários nomes de escritores, ativistas e até políticos que acusam de ser "terroristas LGBTQIA+ altamente financiados com o dinheiro dos impostos dos portugueses, com a máquina de propaganda socialista a seu serviço".
Diogo Faro é um dos visados e já reagiu no Instagram, recordando que este tipo de publicações é um "claro incentivo à violência".
"Estão a partilhá-la em todos os seus grupos para que sejamos alvo da raiva dos seus seguidores, num claro incentivo à violência", escreveu o humorista que é também ativista.
Na mesma publicação, Diogo Faro questiona até onde vai a "impunidade destes terroristas?".
Na lista constam ainda nomes como o da líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, das escritora Mariana Jones e Lúcia Vicente, das psicólogas Ana Silva e Tânia Graça, do presidente da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, o socialista Cláudio Lotra, entre outros. Todos acusados de pertencerem ao "lobby homossexual em Portugal".
Recorde-se que, no passado fim de semana, o mesmo grupo de extrema-direita invadiu a apresentação do livro 'Mamã, quero ser um menino!', de Ana Rita Almeida, no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova. Também recentemente, Mariana Jones, foi impedida de apresentar o seu mais recente livro, na FNAC do NorteShopping, depois de meses de intimidação e ameaças.
Mariana Jones é a entrevistada de hoje do Vozes ao Minuto. Há vários meses que a escritora está a ser intimidada e ameaçada por um grupo de extrema-direita que a acusa de promover a homossexualidade e pedofilia com o livro 'O Pedro gosta do Afonso'. No fim de semana, impediram-na de apresentar o seu novo livro, 'O Avô Rui, o Senhor do Café'. Mariana diz-se alvo de um atentado à sua liberdade.
Natacha Nunes Costa | 08:50 - 28/06/2024
"Preocupadas e indignadas" com os sucessivos ataques de elementos da 'Habeas Corpus' e do partido de extrema-direita Ergue-te, várias escritoras de livros infantojuvenis, bibliotecárias e outras 20 entidades, entre as quais associações, editoras e livrarias, juntaram-se e enviaram à ministra da Administração Interna e da Justiça, com conhecimento da ministra da Cultura, uma carta a pedir "medidas urgentes para impedir a continuação destes incidentes graves e para garantir a segurança e a liberdade de qualquer cidadão", assim como a agir "com urgência em relação às queixas apresentadas".
Para já, o Governo ainda não reagiu ao mesmo. No entanto, o "Comunicado: Pela liberdade de escrever, de publicar, de ler" já foi assinado por mais de 2 mil pessoas.
Já Augusto Santos Silva, antigo presidente da Assembleia da República, adjetivou de "energúmenos" os membros da 'Habeas Corpus' após interromperem a apresentação do livro 'Mamã, quero ser um menino!', e alertou para a atuação das autoridades nestas situações, em que "demasiada tolerância" pode passar a ser "cumplicidade".
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