O fecho das urgências de Ginecologia e Obstetrícia têm causado um grande constrangimento na área da saúde obstétrica, com algumas maternidades - como a Alfredo da Costa, em Lisboa, - a entrarem em "grande esforço".
Ao Notícias ao Minuto, o bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira, confirmou a "sobrecarga de nascimentos" nas maternidades que "estão assegurar 24 horas [de serviço] por dia" e defendeu que os enfermeiros podem "ter um papel fundamental" numa reforma "urgente" dos serviços.
Luís Filipe Barreira reconheceu que é obvio que o fecho de algumas urgências coloca outras numa situação de "sobrecarga", o que obriga a que o serviço tenha "que ser sempre reforçado em termos de profissionais".
"A verdade é que esta situação revela a necessidade urgente de fazer uma reforma nesta rede de atendimento às grávidas, garantindo que o acesso aos cuidados de saúde seja equitativo e de qualidade para todas as mulheres", afirmou o bastonário.
Enfermeiros obstetras podem ter um papel fundamental.
É aqui que Luís Filipe Barreira defende que os "enfermeiros obstetras podem ter um papel fundamental". "Temos de pensar num futuro próximo e pensar na reestruturação desta rede de maternidades em Portugal", referiu.
O bastonário acredita que os enfermeiros "estão preparados para assegurar, de uma forma integral e efetiva, o atendimento total às grávidas" de baixo risco. Luís Filipe Barreira recordou que esta é uma ideia recomendada internacionalmente "há muito tempo" e que os "enfermeiros especialistas já asseguram mais de 50% dos partos em Portugal".
"Ao invés de estarmos a pensar nos fechos das maternidades, podemos rentabilizar os espaços e os locais", reiterou.
Nos próximos dias, já com anúncios de várias urgências encerradas, o bastonário espera "grandes constrangimentos nesta questão do parto" e demonstrou uma "grande preocupação" com a situação. Para Luís Filipe Barreira, estamos a assistir a uma "restrição ao livre acesso aos cuidados de saúde materna".
Recorde-se que devido ao encerramento de cinco urgências de Ginecologia e Obstetrícia, a Maternidade Alfredo da Costa registou 98 admissões e realizou 25 partos, cinco dos quais cesarianas, na segunda-feira. Este é o número mais elevado, pelo menos desde 2013, ano em que num dia de janeiro se registaram 22 partos.
De salientar que, esta quarta-feira, sete serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia encontram-se encontram encerrados.
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