"Os reforços vêm a caminho, ninguém disse para não virem. Não sei quem andou a propagar essa notícia de que eu não queria os meios". Foi desta forma que Miguel Albuquerque, presidente do governo regional da Madeira, rejeitou ter recusado o reforço de meios - do continente - para o combate ao incêndio que lavra na ilha desde quarta-feira.
"Aliás, combinei ontem [sexta-feira] com o ministro Paulo Rangel a vinda dos meios, chegam à 1 hora da manhã [de domingo]", acrescentou, em declarações na antena da SIC Notícias.
O líder do executivo, que interrompeu as férias no Porto Santo para este sábado regressar à ilha da Madeira, referiu ainda que "é preciso ter calma para termos um combate eficaz a este incêndio".
"Nós temos de fazer aquilo que é necessário fazer, que é termos os meios - e estamos a ter os meios - na contenção do fogo. Isto é um fogo complicado devido às situações climatéricas que estamos a atravessar e as pessoas têm de ter a cabeça fria", vincou, salientando ainda: "Compreendo as pessoas, estão exaltadas, estão nervosas - é normal que isso aconteça".
Recorde-se que, na sexta-feira, o Governo da República contactou o presidente do executivo madeirense a oferecer apoio no combate aos incêndios na Madeira, mas Miguel Albuquerque transmitiu que os meios no terreno eram suficientes na altura, disse à Lusa fonte governamental.
"O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, contactou o presidente do Governo Regional no sentido de apoiar no combate aos incêndios", disse à agência Lusa fonte do gabinete de Miguel Albuquerque.
O presidente do Governo madeirense, segundo a mesma fonte, informou que "devido às zonas de difícil acesso" onde se verificam os fogos, não era possível afetar mais meios e "até o helicóptero nem sempre poderia atuar devido ao vento". "De momento, não é necessário", reforçou.
Já este sábado, o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, classificou de "incompreensível e irresponsável" a decisão de Miguel Albuquerque. "Mais que não fosse por prevenção, esta recusa de Miguel Albuquerque, numa atitude que já conhecemos de que 'está tudo controlado', demonstra que não podemos confiar naquele que deveria ser o primeiro a garantir a segurança de pessoas e bens", disse o responsável socialista insular em comunicado.
O fogo começou na quarta-feira de manhã no concelho da Ribeira Brava e alastrou no dia seguinte ao município vizinho de Câmara de Lobos. Atualmente, de acordo com o secretário regional da Proteção Civil, Pedro Ramos, estão três frentes ativas: Jardim da Serra, Curral das Freiras e Encumeada.
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