O presidente da Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira, António Nunes, reagiu, esta segunda-feira, em entrevista à SIC Notícias, às críticas que têm sido feitas ao combate ao incêndio que está ativo há seis dias na ilha da Madeira.
"Numa fase inicial, que começou na quarta-feira passada, nós tínhamos muitos mais meios disponíveis do que colocamos no terreno, mas não colocamos por uma questão de economia de esforço e porque não havia condições mínimas para que eles pudessem operar. Se colocássemos mais meios era para servir de meros espectadores daquilo que estava a acontecer", garantiu, acrescentando que "as condições do terreno são zonas de vales encaixados, muito íngremes, onde não é possível os bombeiros atuarem quer a pé, quer utilizando os meios mecânicos ou viaturas".
"Era totalmente desapropriado e desaconselhado que nós fizéssemos um ataque de outra forma que não fosse pelo meio aéreo", atirou o responsável.
Numa fase inicial, lembrou ainda António Nunes, a Madeira sofria também de "ventos fortes que não permitiam que o helicóptero [de combate aos incêndios] fosse utilizado da forma como gostaríamos que tivesse sido".
Quanto aos reforços que, posteriormente, chegaram à região, vindos do Continente e Açores, realçou o presidente da Proteção Civil que são "logicamente bem vindos", uma vez que "neste momento, as condições já permitem que as forças apeadas e esses meios terrestres possam intervir e fazer um ataque muito mais preciso e consistente" que, "até aqui não foi possível".
"Estamos agradecidos por realmente termos aqui apoio que nos permite aos bombeiros da Região Autónoma da Madeira terem também o seu merecido descanso, porque senão iam entrar em exaustão", sublinhou.
Duas frentes ativas e outro fogo
Sobre as estratégias para o combate ao fogo esta segunda-feira, António Nunes revelou que, no momento, está uma equipa no terreno a fazer "uma avaliação" para escolher a metodologia mais adequada para hoje.
De acordo com o responsável estão duas frentes ativas que "causam alguma preocupação, nas zonas altas da Encumeada e na zona do Paul da Serra, descendo em direcção à Ribeira da Tabua, no concelho da Ponta do Sol". No combate a estas duas frentes estão, neste momento, "77 operacionais e 25 veículos" que serão reforçados, com os meios que chegaram à região do Continente e Açores, assim como pelo meio aéreo.
Entretanto, os operacionais lidam ainda com outro incêndio, "que nada tem a ver com este fogo", que lavra há seis dias. "Começou ontem [domingo] na zona do Campanário" e está a ser combatido, neste momento, por 32 operacionais e oito veículos.
Apesar da frente de fogo na Ponta do Sol "apresentar algumas preocupações", nenhum dos incêndios está a ameaçar casas.
Vento baixou de intensidade
Apesar de o tempo continuar muito quente na Madeira, o vento baixou de intensidade, situação que o presidente da Proteção Civil destacou, entretanto, à agência Lusa, como favorável para combater o fogo.
"A temperatura não baixou significativamente, mas o vento acalmou muito, o que para nós é uma notícia muito bem-vinda, porque realmente o vento é um dos fatores que fazem com que o fogo se propague mais e que tenha as projeções que são muito inconvenientes", disse.
Desde o dia 14 de agosto (quarta-feira), mais de 500 profissionais, incluindo 400 bombeiros e 120 polícias florestais, foram destacados de forma rotativa para combater o incêndio rural que deflagrou na Serra de Água, no concelho da Ribeira Brava, e se estendeu aos municípios de Câmara de Lobos e Ponta do Sol, segundo a Proteção Civil do arquipélago.
Pelo menos 160 pessoas foram retiradas das suas habitações devido ao incêndio, tendo sido instalados em equipamentos públicos, mas muitas já regressaram ou estão a regressar a casa.
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