Esquerda une-se para reforçar defesa do reconhecimento da Palestina

PS, BE, PCP, Livre e PAN condenaram hoje as ações do Estado de Israel no Médio Oriente, apelando ao Governo português para avançar, de imediato, com o reconhecimento do Estado da Palestina.

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Lusa
03/10/2024 13:14 ‧ 03/10/2024 por Lusa

Política

Médio Oriente

Estas posições foram assumidas numa audição na Assembleia da República da relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, que contou apenas com a presença dos partidos da esquerda parlamentar - um facto lamentando pela relatora ao longo do encontro.

 

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou perante Albanese que as "ações de Israel só podem ser enquadradas num projeto racista, expansionista, de ocupação do território palestiniano e extermínio da sua população".

"Não se trata de uma resposta, não se trata de uma defesa, não se trata sequer de uma vingança. Trata-se de um plano de longo prazo, expansionista, colonialista e de extermínio de Israel relativamente à Palestina. E a dificuldade que os países do Ocidente têm em reconhecer isto torna-os cúmplices deste extermínio e desta política", defendeu.

Mariana Mortágua, alinhando com as críticas feitas por Francesca Albanese na sua intervenção inicial ao Estado português, acusou o Governo de "entrar na hipocrisia de reconhecer (a solução) de dois Estados, sem reconhecer o Estado da Palestina".

O Bloco anunciou hoje que vai apresentar um voto de condenação no parlamento por Israel ter considerado o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, 'persona non grata'.

Pelo Livre, o co-porta-voz Rui Tavares disse que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu "já está a falhar" na tentativa de impedir que a Palestina seja reconhecida como Estado independente e criticou o que diz ser um caminho de "desnormalização e diabolização das figuras do sistema internacional, em particular da ONU", referindo que essa é uma opção que "não é inocente".

"Não é por acaso que atacam o secretário-Geral das Nações Unidas e que o Governo Português limitou-se a lamentar que o secretário-Geral António Guterres não possa entrar em Israel. Nós acreditamos que é preciso mais do que lamentar, é preciso condenar e é preciso trabalhar a nível internacional para que as coisas mudem e para que isto seja inaceitável", acrescentou.

O deputado João Paulo Rebelo, do PS, sublinhou que se os socialistas, que estiveram os últimos oito anos no governo, estivessem ainda à frente do executivo "não só estaria a debater a solução dos dois Estados, como teria dado o passo verdadeiramente importante e decisivo que era o reconhecimento da Palestina".

O socialista sublinhou ainda que o partido submeteu esta quarta-feira um voto de condenação ao Estado de Israel e apresentará também um projeto de resolução que "insta o Governo a reconhecer o Estado da Palestina".

João Paulo Rebelo salientou ainda, lembrando as palavras do subsecretário-geral da ONU e ex-ministro do PSD Jorge Moreira da Silva, que o que se está a passar no Médio Oriente é "uma crise de humanidade" e questionou a relatora da ONU sobre o que podem os deputados fazer para contribuir para a resolução do conflito.

António Filipe, deputado do PCP, associou-se às críticas aos Governos dos diversos Estados europeus, referindo que tem "havido uma ambiguidade que não deve existir".

O deputado comunista disse ainda que na defesa da Palestina "não há nenhum problema de antissemitismo", mas sim um combate a uma "ideologia sionista, que é supremacista, racista" e tem como objetivo, por parte de Israel, "a construção de um Estado supremacista no território, historicamente, da Palestina".

A representar o PAN nesta audição estava a dirigente Tânia Mesquita, que considerou estar a decorrer "a promoção de um verdadeiro genocídio sobre o povo palestiniano" e sublinhou que o partido tem estado do lado dos apelos para que Portugal reconheça o Estado da Palestina.

Leia Também: "Perspetivas são piores do que podia pensar. Israel tem de ser parado"

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