Muitos dedos roxos em Lisboa de quem espera agora mais ação em Moçambique
As instalações da Embaixada de Moçambique em Lisboa estão a ser pequenas para as largas dezenas de eleitores que escolhem hoje o futuro Presidente e Governo do seu país de origem, de forma ordeira e animada.
© Shutter Stock
País Moçambique
"Votei determinado", disse à agência Lusa o moçambicano Nelson Salimo, 34 anos de idade e há cinco em Portugal, com o indicador roxo, tal como os outros eleitores, que desta forma ficam impedidos de votar novamente.
Para este eleitor, o voto "pode fazer toda a diferença" e por isso é que a meio da manhã já tinha exercido o seu direito e dever cívicos.
Nelson Salimo espera dos eleitos "mais ação e menos retórica" e, questionado sobre as prioridades que estes deviam concretizar, disse: "As dificuldades são imensas. As eleições podem ajudar a mudar".
Larissa, 22 anos e há três em Portugal, votou hoje pela primeira vez e disse, convicta, que "cada voto é um contributo para o bem comum".
Esta moçambicana votou num político que, acredita, "é boa pessoa", característica que considera importante. Mas espera agora que os vencedores arregacem as mangas, pois "há muito para fazer pelo bem-estar do povo".
"Em Moçambique há fome, há pobreza, falta de higiene. É preciso melhorar as condições em que muitos moçambicanos vivem", diz.
Paulo Muchanga, 26 anos, está menos otimista: "Não estou convencido que vá mudar alguma coisa. Mas não ficava bem com a minha consciência se não exercesse o meu dever para encetar a mudança".
Espera que os eleitos "melhorem efetivamente a vida do povo moçambicano, que se concentrem muito mais nos problemas do povo e menos nas politiquices", disse este moçambicano, a viver em Portugal há oito anos.
"Para as condições dos moçambicanos melhorarem, é preciso melhores salários e água potável e o fim da fome e da pobreza", diz.
Afonso Bragança, 22 anos, estreou-se a votar nestas eleições e agora espera que das mesmas resulte alguma mudança que melhore a vida dos que vivem no seu país de origem.
A viver em Portugal há três anos, este moçambicano espera que, entre outras questões, os futuros governantes "acabem com os raptos, que estão a pôr em causa a segurança e a fazer com que muitos estrangeiros deixem de estar interessados em investir em Moçambique".
"Infelizmente não vi esta questão nas campanhas eleitorais, mas ainda assim espero que os que forem eleitos façam alguma coisa", diz.
E mostra-se crente na política e nos políticos, pois de outra forma não perdia tempo a votar.
Os eleitores tiveram de esperar algum tempo para votar, aguardando nas salas de espera e mesmo nas escadas de acesso ao local do voto.
"Satisfeito" com esta forte afluência às urnas, o supervisor para estas eleições na Grande Lisboa, Florêncio Papelo, disse à Lusa que está tudo a decorrer de uma forma ordeira, mas que é visível o aumento da participação, em relação as últimas eleições gerais, em 2019.
"Eu estava cá e lembro-me perfeitamente. Não tem comparação", disse, apontando para a sala repleta de eleitores que esperavam a sua vez para introduzirem os votos nas urnas.
Junto à entrada do edifício onde fica localizada a embaixada, duas folhas A4 apresentam os candidatos presidenciais e os partidos que estão nesta corrida.
Estão recenseados para votar em Portugal 1.177 moçambicanos, que poderão exercer a sua escolha em 13 postos de votação: Seis na região Norte e sete em Lisboa, Centro e Sul.
Em Moçambique, as mesas de votação começaram a abrir às 07:00 (06:00 em Lisboa) de hoje, com ligeiros atrasos em alguns pontos.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) recenseou 17.163.686 eleitores para esta votação, incluindo 333.839 que vão votar em sete países africanos e dois europeus.
Estas eleições gerais de hoje incluem as sétimas presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
Concorrem à Presidência da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).
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