João e Filipa casaram nos Paliativos de Cantanhede. "Densidade de amor"
História foi contada nas redes sociais pelo padre que celebrou o casamento. Quarto onde "tantos outros ali passaram e sofreram" transformou-se, naquele dia, numa "catedral".
© Facebook / Rodolfo Leite
País Amor
A história de amor de Filipa Gomes e João Góis está a comover as redes sociais. O casal, que tem um filho em comum com menos de um ano, decidiu casar-se, no final de setembro, num quarto dos Cuidados Paliativos do Hospital de Cantanhede, onde João está internado há algum tempo.
O momento emocionante foi partilhado no Facebook pelo padre da diocese de Coimbra Rodolfo Leite, que celebrou a cerimónia. Na imagem vê-se que, apesar da doença de João, o casal, assim como os que os rodeiam, ficaram muito felizes com esta união batizada de muito amor e persistência.
No texto, o pároco confessa que fez "um grande esforço para controlar as emoções "durante a cerimónia, mas que todos celebraram "intensamente, com o a Filipa e o João, o seu amor e o amor com que Deus os cumulava".
Rodolfo Leite acompanha o casal há algum tempo. Em julho, soube que João estava doente e visitou-o. Posteriormente, conheceu Filipa, "a sua melhor amiga e companheira".
"Juntos sempre superaram as adversidades que a vida lhes foi provocando. A força de vontade dela harmonizou na perfeição com a força de bondade dele. Por fim, conheci o Mateus, fruto do amor de ambos que ainda não tem 1 ano", conta, acrescentando que "tudo era perfeito se não fosse o facto da doença do João não parar de piorar".
"As coisas tinham piorado muito"
Durante as visitas ao João, nos Cuidados Paliativos, o padre presenciou não só a presença "quase permanente" da Filipa e também "de muitos familiares e amigos", como por exemplo, da escola de Samba, onde o jovem é “mestre de bateria”.
Há uns dias, Filipa ligou a Rodolfo Leite e pediu-lhe para os ir casar a Cantanhede e o pároco percebeu logo que "as coisas tinham piorado muito".
Apesar de já ter alguns batizados e casamentos agendados, o padre fez os "telefonemas necessários" e foi à unidade hospitalar para os casar.
Primeiro falou com o João. "Consciente e de coração", o paciente disse que "era isso que desejava".
"Depois, a Dr.ª Lurdes lá o medicou para aliviar as dores. O carinho e a ternura daquela médica valeram tanto ou mais que o medicamento que lhe injetaram. Depois, entraram os amigos, para o prepararem…, afinal ele era um noivo", relatou o pároco.
A Filipa chegou pouco depois. "Com um sorriso e um olhar sempre vivo, apesar da tristeza de ver sofrer aquele que ama. Falei com ela, pessoalmente, e da mesma forma desejava casar com o João, conscientemente e de coração. Começámos a celebração. Aquele quarto transformou-se numa catedral, pela densidade de amor que ali se respirava e um ambiente tão humano como sagrado. Não éramos muitos! Eu, os noivos, as duas testemunhas, a Dra. Lurdes e a Dra. Paula, do Registo Civil, que quis estar presente, pela bondade e pelo cuidado humano que esta situação lhe mereceu", descreveu ainda.
"Já posso beijar a noiva?"
No final, o João perguntou: "Já posso beijar a noiva?". "Emocionados, mas a sorrir, dissemos, quase em uníssono, que sim e logo aconteceu! Naquele momento, apesar da dor e do drama da doença que o João está a viver e do sofrimento da Filipa, que tanto o ama, senti, no meu íntimo, a força e a verdade das palavras de São Paulo: “Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso…", citou.
Por fim, entrou o Mateus, para a fotografia. "Olhava o João, o pai, com atenção amorosa. Ambos frágeis, um por ser bebé, o outro pela doença, estavam e estão unidos por um amor que não se diz, mas que se topa, sem teorias nem adornos melosos. Ambos, com ternura inocente, beijaram-se. A Filipa contemplava emocionada tudo, num misto de alegria e tristeza", testemunhou o pároco, acrescentando que foi "um belo casamento".
"Naquele quarto, onde tudo pareceu perder o sentido, para tantos que ali passaram e sofreram, como agora o João, gritou, mais forte e de forma bela, o Amor. Sim! O Amor que Deus nos dá e faz capazes de viver. Não tenhamos dúvidas, esse é o grande e verdadeiro poder que possuímos. Os outros poderes são mera ilusão, que escondem as fraquezas de quem não sabe amar!", concluiu Rodolfo Leite, que é também muito elogiado na publicação, que conta já com quase 700 reações e mais de 100 comentários.
Nas redes sociais, também a escola de samba a que João pertence - GRES Real Imperatriz - assinalou a data, com uma foto muito especial.
"O dia de ontem [28 de setembro] vai ficar na memória de toda a família Imperatriz. Foi um dia inesquecível. Muitas felicidades Mestre Góis e Filipa Góis. Sempre convosco de corpo e alma", escreveram na página de Facebook.
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