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Acreditar faz 30 anos. Apoiou milhares de famílias de crianças com cancro

Mais de 15 mil famílias de crianças com cancro foram apoiadas pela associação Acreditar desde que nasceu, há três décadas, para trazer normalidade à vida destas crianças.

Acreditar faz 30 anos. Apoiou milhares de famílias de crianças com cancro
Notícias ao Minuto

15/10/24 13:30 ‧ Há 2 Horas por Lusa

País Acreditar

Faz hoje 30 anos que um grupo de pais de crianças e jovens com cancro concretizou o sonho de criar uma associação que transformasse a perceção social sobre o cancro infantil e trouxesse esperança e apoio a milhares de famílias.

 

Em entrevista à Lusa, a diretora-geral da Acreditar, Margarida Cruz, falou das conquistas e dos desafios da Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro ao longo de três décadas.

Para Margarida Cruz, a "principal transformação" que a Acreditar trouxe deveu-se, sobretudo, a ser constituída por pais que vivenciaram na pele os desafios da doença e conheciam os problemas, as dificuldades e as questões mais fundamentais para eles e para os filhos.

"Fez toda a diferença na forma como a Acreditar se organizou e começou a atuar", comentou, realçando que "o mais importante" foi ter explicado à sociedade que o cancro também existe nas crianças.

"Há 30 anos, quando a Acreditar apareceu, quase ninguém sabia que as crianças podiam ter cancro. Hoje, ainda há pessoas que não sabem, mas já são muito menos", realçou.

Através de campanhas e ações nas escolas, a associação conseguiu desmistificar a doença, permitindo que se compreendesse melhor as dificuldades enfrentadas pelas crianças em tratamento.

"A Acreditar teve um papel muito importante em sensibilizar e em preparar a sociedade para ter uma vivência normal com as crianças com cancro e com os pais dessas crianças. Essa parte para mim é fundamental", salientou.

Também lutou para que as crianças pudessem ter um ambiente mais apropriado e acolhedor nos hospitais, levando brinquedos e fazendo pressão para que tivessem acesso à escola durante o internamento.

"Ainda me lembro de haver crianças que tinham começado um processo de doença aos cinco anos e que, por exemplo, aos oito ainda estavam em tratamento e nunca tinham aprendido a ler e escrever. Essa era uma realidade", contou.

Nestes 30 anos, disse, "essas realidades felizmente mudaram" e hoje em dia é possível mobilizar a sociedade, com professores voluntários que apoiam o estudo destas crianças, e dar bolsas universitárias.

"Só este ano demos 40 bolsas", realçou Margarida Cruz.

A luta pela permanência dos pais ao lado dos filhos durante o internamento hospitalar também foi uma batalha vitoriosa da Acreditar, mas "bastante longa e bastante difícil".

Outro marco importante foi a criação das quatro Casas Acreditar para acolher gratuitamente famílias que precisam de se deslocar para acompanhar o tratamento dos filhos.

"As pessoas tinham de se deslocar e não tinham sítio para ficar e há histórias verdadeiramente dramáticas de pessoas que ficavam à porta dos hospitais à espera de poder entrar no dia seguinte", contou.

As casas oferecem um teto, mas também um espaço de conforto, permitindo que as famílias cozinhem, compartilhem momentos e vivenciem uma rotina mais próxima do normal.

Além disso, permitem "uma intervenção de apoio a estas famílias, que é muito mais alargada do que o mero alojamento".

Como desafios futuros, a responsável defendeu que é preciso integrar estes doentes em ensaios clínicos, que são praticamente inexistentes em Portugal.

"Há muito pouca investigação em oncologia pediátrica em Portugal, na Europa e nos Estados Unidos", porque como o cancro pediátrico é raro os investimentos são limitados.

Margarida Cruz defendeu que a investigação vai ser determinante para melhorar os tratamentos e a qualidade de vida futura dos sobreviventes.

"O grande desafio a nível de tratamentos para os próximos anos vai ser como é que a medicina, e sobretudo a medicina de precisão, vai conseguir fazer com que estes jovens tenham menos sequelas e tenham uma vida melhor", realçou.

Para assinalar a efeméride, a associação vai realizar quatro conferências nas cidades onde estão as Casas Acreditar: Porto, Lisboa, Funchal e Coimbra.

A primeira realiza-se no sábado, no Porto, com o tema "Os direitos dos pais no cancro dos seus filhos".

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