Segundo a entidade, a desistência da Galp do "projeto de refinaria de lítio em Setúbal, desenvolvido em parceria com a Northvolt, poderá ter implicações significativas para o setor de baterias em Portugal e na Europa" uma vez que o projeto era "uma ação estratégica para a União Europeia", visto que pretendia "reduzir a dependência de matérias-primas fora da Europa", destacou.
Segundo a XTB, "o investimento seria alto e haveria a criação de vários postos de trabalho, além de posicionar Portugal como um país relevante na transição energética".
A Galp decidiu abandonar o projeto Aurora depois da desistência da Northvolt e de não ter arranjado outro parceiro, adiantou, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na terça-feira.
"A Galp decidiu não avançar com a construção do projeto Aurora", disse o grupo.
A Northvolt anunciou em 22 de novembro ter apresentado um pedido de proteção contra a falência nos Estados Unidos da América, referindo que é mantida a fábrica da Suécia a operar.
Na análise, a XTB realçou que "a situação atual da Northvolt aumenta as incertezas" e isso, além de ter acabado com o projeto Aurora, compromete "também a confiança dos investidores no setor de baterias europeu, aumentando a dependência de outros fornecedores, especialmente chineses, uma vez que lideram o mercado de baterias e veículos elétricos", destacou.
O projeto Aurora poderia criar "um impacto positivo tanto económico como social", destacou, sendo que, além de dinamizar a economia local, "posicionaria Setúbal como um polo estratégico na produção de lítio para baterias, essencial para a transição energética".
Segundo a XTB esta situação compromete "a competitividade europeia frente à China no mercado de carros elétricos", enfraquecendo "a possibilidade de alcançar a autonomia neste setor crucial para a transição energética e a economia verde".
A XTB disse que "o aumento da procura por lítio colocou a Europa perante um paradoxo", entre "a necessidade urgente de explorar este recurso dentro das suas fronteiras para reduzir dependências externas" e "os impactos ambientais, económicos e sociais associados à sua extração".
"As dificuldades da Northvolt expõem problemas na indústria europeia de baterias e afetam a competitividade no mercado de carros elétricos", assegurou a XTB.
Segundo a análise, a Europa "ainda depende de fornecedores asiáticos, enquanto empresas locais enfrentam altos custos e desafios técnicos", encarecendo a produção e o preço final dos veículos elétricos.
Os analistas lembram ainda que as "empresas chinesas estão a entrar no mercado europeu com carros elétricos mais acessíveis, o que tem pressionado os fabricantes locais", destacando que para enfrentar esta situação é preciso "investir mais em infraestruturas para a produção de baterias e incentivar a produção e consumo" de veículos elétricos.
A XTB recorda ainda que "a Europa tem estado também a aplicar medidas protecionistas que visam impedir a entrada de novos 'players' no setor, sendo que estas tarifas variam consoante a marca e podem chegar até aos 35%".
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