Desistência da Galp de refinaria de lítio pode ter "implicações"

A desistência da Galp do projeto para uma refinaria de lítio em Setúbal poderá "ter implicações significativas para o setor de baterias em Portugal e na Europa", segundo uma análise hoje publicada pela XTB.

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© Luis Boza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
28/11/2024 16:34 ‧ há 2 horas por Lusa

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Segundo a entidade, a desistência da Galp do "projeto de refinaria de lítio em Setúbal, desenvolvido em parceria com a Northvolt, poderá ter implicações significativas para o setor de baterias em Portugal e na Europa" uma vez que o projeto era "uma ação estratégica para a União Europeia", visto que pretendia "reduzir a dependência de matérias-primas fora da Europa", destacou.

 

Segundo a XTB, "o investimento seria alto e haveria a criação de vários postos de trabalho, além de posicionar Portugal como um país relevante na transição energética".

A Galp decidiu abandonar o projeto Aurora depois da desistência da Northvolt e de não ter arranjado outro parceiro, adiantou, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na terça-feira.

"A Galp decidiu não avançar com a construção do projeto Aurora", disse o grupo.

A Northvolt anunciou em 22 de novembro ter apresentado um pedido de proteção contra a falência nos Estados Unidos da América, referindo que é mantida a fábrica da Suécia a operar.

Na análise, a XTB realçou que "a situação atual da Northvolt aumenta as incertezas" e isso, além de ter acabado com o projeto Aurora, compromete "também a confiança dos investidores no setor de baterias europeu, aumentando a dependência de outros fornecedores, especialmente chineses, uma vez que lideram o mercado de baterias e veículos elétricos", destacou. 

O projeto Aurora poderia criar "um impacto positivo tanto económico como social", destacou, sendo que, além de dinamizar a economia local, "posicionaria Setúbal como um polo estratégico na produção de lítio para baterias, essencial para a transição energética".

Segundo a XTB esta situação compromete "a competitividade europeia frente à China no mercado de carros elétricos", enfraquecendo "a possibilidade de alcançar a autonomia neste setor crucial para a transição energética e a economia verde".

A XTB disse que "o aumento da procura por lítio colocou a Europa perante um paradoxo", entre "a necessidade urgente de explorar este recurso dentro das suas fronteiras para reduzir dependências externas" e "os impactos ambientais, económicos e sociais associados à sua extração".

"As dificuldades da Northvolt expõem problemas na indústria europeia de baterias e afetam a competitividade no mercado de carros elétricos", assegurou a XTB.

Segundo a análise, a Europa "ainda depende de fornecedores asiáticos, enquanto empresas locais enfrentam altos custos e desafios técnicos", encarecendo a produção e o preço final dos veículos elétricos.

Os analistas lembram ainda que as "empresas chinesas estão a entrar no mercado europeu com carros elétricos mais acessíveis, o que tem pressionado os fabricantes locais", destacando que para enfrentar esta situação é preciso "investir mais em infraestruturas para a produção de baterias e incentivar a produção e consumo" de veículos elétricos.

A XTB recorda ainda que "a Europa tem estado também a aplicar medidas protecionistas que visam impedir a entrada de novos 'players' no setor, sendo que estas tarifas variam consoante a marca e podem chegar até aos 35%".

Leia Também: "O que fez Governo para evitar fim de refinaria de lítio em Setúbal?"

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