Falando aos jornalistas antes de uma reunião com delegados sindicais e dirigentes da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), Sérgio Carvalho acusou o Governo de não querer discutir com os sindicatos e de estar a empurrar a classe para as mãos de movimentos inorgânicos.
Recordando o que se passou na terça-feira, com uma grande manifestação de sapadores que recorreu a petardos para fazer pressão à margem da reunião, Sérgio Carvalho admitiu que são "dinâmicas das multidões" e "movimentos que os sindicatos entendem e apelam a alguma tranquilidade".
Mas para que exista essa tranquilidade, é necessária abertura do Governo, o que não tem sucedido, acusou, recordando que a tutela, no passado "aumentou em mais de dez anos a idade das reformas" e cortou salários, "sempre à revelia dos sindicatos".
No caderno atual de negociações, aprovado pelos sindicatos, está prevista a discussão da tabela salarial, as aposentações, horários de trabalho, reforço de efetivos e sistema de avaliação, explicou Sérgio Carvalho.
Contudo, em cada nova ronda negocial, o "governo quer discutir coisas novas" para "não negociar o caderno" previsto.
Na revisão salarial, os sindicatos querem que a tutela mantenha as sete categorias de bombeiro sapador, mas atualizadas para o nível 14, o que iria permitir um aumento do atual salário-base de 1.075 euros para 1.280 euros.
Este aumento iria "corrigir os 22 anos de falta de aumentos salariais", explicou Sérgio Carvalho, que pedem o reconhecimento dos "complementos remuneratórios que foram concedidos a outras forças de segurança".
Os baixos salários estão a prejudicar a renovação dos quadros nos concursos, acusa: "Não estamos a ter jovens a concorrer a bombeiro. Ninguém quer receber 1.075 euros e arriscar a vida".
Caso o Governo insista em não negociar, Sérgio Carvalho admitiu novas formas de luta, sublinhando no entanto que os bombeiros são "pessoas de bem que nunca falharão no socorro ao país e à população".
"Vamos avançar com todos os protestos que os bombeiros entendam avançar dentro da normalidade, da legalidade e do que é possível pela constituição portuguesa", disse, acrescentando: "Nós salvamos vidas e em momento algum um bombeiro vai deixar de salvar uma vida por razões sindicais, religiosas, políticas ou outra".
Contudo, a decisão será sempre dos profissionais: "Não será o nosso sindicato a decidir pelos bombeiros".
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