Pré-triagem? "História começa mais atrás, na falta de acompanhamento"

Sara do Vale, da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto, defendeu que o problema não é a pré-triagem. É sim o fecho de vários serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia, a falta de acompanhamento, de vagas para ecografias, "os serviços de saúde primários que não estão a conseguir dar resposta".

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Notícias ao Minuto
16/12/2024 11:25 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto

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Sara do Vale

O projeto-piloto de pré-triagem para grávidas, que arrancou esta segunda-feira, e obriga as futuras mães da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, a ligar para a Linha SNS Grávida antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia, está a causar controvérsia.

 

Muitos são os que não concordam com a medida, como é o caso da socialista Ana Gomes, no entanto, para Ana do Vale, da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP), o problema não é a pré-triagem. É sim a falta de acompanhamento que as mulheres estão a ter durante a gravidez.

"Esta medida da pré-triagem é defendida como um modelo do que já está a ser feito noutros países, no entanto, o que está a acontecer de facto é que temos maternidades de portas fechadas e está a ser negado o direito às mulheres de escolher a entidade, o hospital, onde querem ter o seu bebé, quando a lei de bases da Saúde é clara e diz que as pessoas podem escolher livremente em que hospital querem ter o seu bebé", começou por explicar a co-fundadora e membro da APDMGP na SIC Notícias, acrescentando que "a pré-triagem não é uma coisa má".

"A nós parece-nos que a história começa um pouco mais atrás. Quando o acompanhamento não está a ser feito, quando as pessoas não conseguem marcar ecografias", atirou Sara do Vale, lembrando que há também problemas a seguir à pré-triagem.

"Os serviços de saúde primários não estão a conseguir dar resposta. A nossa questão é: As urgências estão fechadas, para onde é que estas pessoas vão? Onde é que há esta resposta? De facto, é verdade. Chegam-nos muitos casos de senhoras que não conseguem uma consulta e acabam por ir a uma urgência porque precisam de saber se está tudo bem", admitiu, dando um exemplo.

"Chegou-nos há dias o caso de uma senhora que não tinha conseguido ainda confirmar se o bebé estava cefálico ou pélvico e estava pélvico, pagou do seu bolso, uma ecografia na CUF para ter a certeza. Portanto, lá está, este tipo de pessoas não estão a ter resposta e, portanto, a ida à urgência, é onde isto culmina, quando não têm resposta", recordou.

Além disso, na opinião da responsável, "se nós sabemos que 74% de todas as chamadas atendidas pela linha SNS Grávida acabaram numa ida à urgência" não há razões para "estar a atrasar" todo o processo. 

"A gestão de recursos é muito importante, mas não podemos ficar por aqui. Temos também de nos colocar no lugar daquela mulher que tem dúvidas, que não consegue interpretar os seus sintomas, que não tem resposta e que as procura nas urgências. Aliás, nas idas às urgências encontram-se muitas patologias escondidas", concluiu.

Leia Também: Pré-triagem telefónica para grávidas antes das urgências arranca hoje

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