Síria? "Há, claramente, linhas que estão já consensualizadas", diz Rangel

UE quer transição ordeira, inclusiva e sem extremismos, garante Paulo Rangel, depois de uma reunião com os seus homólogos europeus.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
16/12/2024 12:33 ‧ há 2 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou, esta segunda-feira, que há já "linhas consensualizadas" no que diz respeito à resposta coordenada da União Europeia (UE) em relação ao novo poder instalado em Damasco. 

 

Em declarações aos jornalistas a partir de Bruxelas, depois de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, a  primeira a ser conduzida pela nova Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, Rangel admitiu que a situação na Síria "ainda é incerta", face à "transição" que está a decorrer", mas abordou algumas das linhas vermelhas que serão indispensáveis para o contacto com as instituições europeias.

"Há, claramente, linhas que estão já, digamos, consensualizadas, embora a discussão vá ocorrer", disse. "Uma é que é fundamental que as novas autoridades tenham um plano essencialmente inclusivo de todas as minorias religiosas. Portanto, que não haja nenhuma perseguição ou discriminação em função da religião", esclareceu o governante português. 

"Também muito importante", acrescentou Rangel, é "o papel das mulheres, que tem de estar garantido e é também uma preocupação": 

"E, evidentemente, que a capacidade de avançar para a construção de instituições, porque as instituições colapsaram por inteiro", frisou. 

O ministro defendeu que "é preciso falar com todos os autores", no sentido de encontrar uma "solução que leve a um retorno à normalidade e essencialmente a um plano de reconstrução da Síria".

Os governantes com a pasta da diplomacia dos 27 países do bloco político-social discutirão a queda do regime sírio de Bashar al-Assad, na sequência de uma ofensiva relâmpago conduzida por uma coligação opositora, liderada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS, em árabe) e que inclui fações pró-turcas.

Em discussão vai estar uma resposta coordenada da UE em relação ao novo poder instalado em Damasco, que entretanto nomeou o político Mohammed al-Bashir como primeiro-ministro interino do governo sírio de transição, cargo que assumirá até março de 2025.

A queda do regime de Bashar al-Assad, que sucedeu ao pai Hafez em 2000, ditou o fim de cinco décadas de poder da família do ex-presidente, mas também está a lançar várias interrogações sobre o futuro deste país devastado e fraturado por 13 anos de guerra civil, um conflito que ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas'.

O HTS nasceu de um grupo de líderes descontentes com a organização Jabhat al-Nusra, afiliada da Al-Qaida, que operava na Síria desde 2011. Apesar deste corte com a Al-Qaida e da adoção de posições mais moderadas, o HTS continua a ser considerado um grupo terrorista por vários países e pela UE.

Leia Também: Seis chefes de diplomacia e Kallas apoiam integração de Kyiv na NATO

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