O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta quarta-feira, que "as reflexões" que tem trocado com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, têm sido "imprescindíveis" na atividade do Governo. Já o chefe de Estado disse que o Executivo está em contrarrelógio desde que iniciou funções, com Montenegro a procurar estar em todo o lado, numa conjuntura internacional difícil que exige cooperação estratégica.
Os dois falaram na tradicional cerimónia de apresentação de cumprimentos de boas festas por parte do Governo, na Sala dos Embaixadores, no Palácio de Belém, em Lisboa, a primeira com Luís Montenegro no cargo de primeiro-ministro.
No seu discurso, o primeiro-ministro começou por dizer que Marcelo tem acompanhado com grande proximidade um "conjunto muito intenso de atividades" do Executivo, que "em muitas ocasiões necessitaram da cooperação" do Presidente e "da sua muito marcante sensibilidade cívica e social, o seu conhecimento do pais, da sua visão de futuro, da sua visão das grandes transformações e evoluções que acontecem à escala europeia e à escala mundial".
"As conversas que temos mantidos, os encontros que temos realizado, as reflexões que temos trocado, têm sido imprescindíveis para o cumprimento da nossa tarefa, para servir o interesse de Portugal", afirmou.
"A nossa relação institucional, a nossa relação pessoal, teve dois eixos e tem dois eixos: uma solidariedade estratégica e uma cooperação positiva", acrescentou Montenegro, referindo que têm estado "junto a pensar", a fazer "análises prospetivas" e "juntos na obtenção de resultados", com "vista a um país mais desenvolvido".
"O senhor Presidente da República é uma personalidade que tem efetivamente uma sensibilidade social muito acentuada e que nos transmite e sensibiliza também. Isso tem sido importante para nós aprimorarmos todas as medidas que garantem um Estado social salvaguardado, ao mesmo tempo que lançam as bases de estimular a criação de riqueza, porque só a criação de riqueza é capaz de promover a justiça social", acentuou o primeiro-ministro.
Montenegro terminou a sua breve intervenção de menos de cinco minutos desejando ao Presidente da República um período festivo "preenchido de alegria, preenchido de saúde e preenchido também de um momento de algum descanso e de algum recarregar de baterias para o próximo ano de 2025".
"Um feliz Natal, uma quadra festiva muito intensa e, sobretudo, um ano de 2025 excelente para o Sr. Presidente da República, para Portugal e para os portugueses", desejou.
Marcelo fala num Governo em contrarrelógio e frisa que país precisa cooperação estratégica
Por sua vez, o Presidente da República optou por começar pelos desejos de boas festas e lembrou depois: "Vossa excelência e o seu Governo assumiram funções num momento difícil do mundo, muito difícil do mundo", afirmou, falando nas guerras que continuam e se agravam, na situação económica "muito precária" a nível mundial e na Europa e numa altura em que se vira uma "página" no "grande país que são os Estados Unidos" e em que se inicia um "ciclo histórico de efeitos imprevisíveis".
"Tudo isso é, naturalmente, uma razão que explica o porquê da necessidade de estabilidade e da segurança, que são fatores fundamentais quer no plano económico, quer no plano social, quer no plano político", frisou.
Assim, Marcelo alertou que "o Governo tem entre mãos vários desafios", nomeadamente o "uso dos fundos europeus" e "as migrações", mas deixou rasgados elogios à atuação do Executivo, especificamente ao primeiro-ministro.
"Tudo isso é uma grande dificuldade enfrentada em tempo muito curto, mas muito intenso. Foram oito meses de corrida contrarrelógio porque um dia perdido pode ser irrecuperável", afirmou.
"Devo aqui sublinhar o esforço feito por todo o Governo, mas em particular pelo primeiro-ministro, para estar em todo a parte ao mesmo tempo - coisa que foi fama de alguns responsáveis políticos portugueses, mas que não tinham poder executivo. O difícil é estar em toda a parte ao mesmo tempo com poder executivo. Eu percebo a ideia, a ideia é não deixar que a aceleração da história, lá fora com repercussões cá dentro, acabe por atingir medidas, decisões, programas, promessas, concretizações, de forma irreparável", apontou. o Presidente.
"Tem sido um esforço ademais", reiterou.
Referindo-se ao "reconhecimento em relação a Portugal" que encontra lá fora, não esqueceu António Costa, agora presidente do Conselho Europeu, nomeação para a qual o Governo se "empenhou" para "além do mérito" do antigo primeiro-ministro", mas também "a vitória diplomática portuguesa" com a eleição de Teresa Anjinho para provedora de justiça europeia. "Portugal é um parceiro confiável", realçou.
Por último, Marcelo deixou um recado ao Governo PSD/CDS, partindo da atual conjuntura mundial, que caracterizou como extremamente complexa: "Solidariedade institucional é importante, mas não é suficiente. Tem de haver no presente cooperação estratégica".
No final da cerimónia, que decorreu na sala dos Embaixadores, o Presidente da República cumprimentou individualmente o primeiro-ministro, com um abraço, e todos os governantes presentes, com abraços aos ministros e beijinhos às ministras, seguindo depois todos para uma fotografia de grupo no exterior.
O Governo tinha saído de São Bento pelas 10:49 num autocarro elétrico da Carris, reservado para a breve viagem do primeiro-ministro e dos 17 ministros do XXIV executivo constitucional até ao Palácio de Belém, onde chegou pelas 11.04, com a cerimónia de boas festas a começar com um ligeiro atraso em relação ao inicialmente previsto e a durar menos de meia hora.
[Notícia atualizada às 11h54]
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