"A direção do Sindicato dos Jornalistas repudia o anunciado despedimento do diretor e do diretor adjunto da revista Sábado, Nuno Tiago Pinto e António José Vilela, respetivamente", refere o SJ, em comunicado, considerando que "a cessação do contrato dos dois jornalistas coloca em causa a independência e a liberdade de quem exerce cargos de direção e chefia e é inaceitável".
E acrescenta: "o pretexto de extinção do posto de trabalho afigura-se, no mínimo, estranho, já que nenhuma publicação funciona sem direção, motivo pelo qual, aliás, outra pessoa ocupou imediatamente o cargo de diretor".
No mês passado, a Medialivre anunciou que Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial do grupo, iria assumir a direção da revista Sábado.
"O jornalista Nuno Tiago Pinto, até aqui diretor da publicação, cessa hoje [15 de janeiro] as suas funções, após um período de consolidação do título, durante o qual manteve sempre vivo o jornalismo do projeto Sábado", lê-se no comunicado da Medialivre, que "agradece todo o profissionalismo e entusiasmo dedicado ao longo dos últimos anos a este título de referência".
A Sábado "é a 'newsmagazine' líder no mercado nacional, com uma ampla cobertura de temas e assuntos de interesse para a sociedade portuguesa. Ocupa, desde a sua fundação, um lugar de relevo no panorama dos media nacionais, levando diariamente, no digital, e todas as quintas-feiras, em versão impressa, bem como no Canal NOW, informação assertiva, pertinente e audaz aos seus leitores e espetadores", referia ainda o grupo.
"A Sábado é uma marca fortíssima e prestigiada, que vai encontrar o seu espaço multiplataforma. Esse é o desafio e o grande objetivo dos próximos tempos", afirmou, por sua vez, Carlos Rodrigues, citado no comunicado.
Na altura, a Medialivre referiu que iria iniciar uma nova fase de afirmação do projeto Sábado: "Uma fase que passará pelo desenvolvimento mais célere da sua vertente multiplataforma, em papel, no digital e na televisão, assente numa equipa com provas dadas na relevância e pertinência da informação, com o espírito de liberdade e independência que caracteriza o grupo".
Já hoje, o Sindicado dos Jornalistas (SJ) "relembra que, enquanto ocupam cargos de chefia, os jornalistas estão diretores, mas regressam ao seu lugar quando essa comissão de serviço/nomeação termina".
O fim do desempenho de uma função de direção ou chefia "não é - nem nunca poderia ser - sinónimo de despedimento: permiti-lo constituiria um atentado à liberdade editorial e à independência que deve nortear qualquer jornalista, cuja única obrigação, a este respeito, deve ser, sempre, obedecer apenas à sua consciência, balizada no respeito pela legislação, nomeadamente a Lei de Imprensa e o Estatuto do Jornalista", aponta o SJ.
Nesse sentido, o SJ defende que "Nuno Tiago Pinto e António José Vilela têm o direito de regressar ao posto de trabalho para desempenhar as funções de jornalistas para as quais foram contratados, em ambos os casos, há cerca de 20 anos" e "aceitar o contrário é permitir que as comissões de serviço ou as nomeações para este tipo de cargo sejam outra - mais uma! - porta aberta a despedimentos ilícitos".
O SJ "não aceita que haja diretores, ou jornalistas, despedidos por delito de opinião ou delito editorial, muito menos por alguma decisão editorial que desagrade a quem manda. O exercício do jornalismo deve ser feito em total liberdade e não pode ser tolerado qualquer ataque a este princípio basilar da nossa profissão" e "repudia este tipo de práticas laborais".
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