Gouveia e Melo? "Posso perder. Não tenho receio, por isso estou aqui"

Luís Marques Mendes defende que "não há vencedores nem vencidos antecipados", apesar de os resultados das sondagens darem favoritismo ao almirante Gouveia e Melo.

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© Partido Social Democrata/ flickr

Cátia Carmo
10/02/2025 22:13 ‧ há 9 horas por Cátia Carmo

Política

Luís Marques Mendes

O candidato à Presidência da República Luís Marques Mendes admitiu que pode "perder esta eleição" presidencial, mas defendeu que "não há vencedores nem vencidos antecipados" e que, por isso mesmo, não tem receio dos resultados das sondagens - que têm dado favoritismo ao almirante Gouveia e Melo (que não oficializou uma candidatura).

 

"Se tivesse receio de qualquer candidatura não me metia. Não tenho receio, por isso é que estou aqui. Não troco convicções por sondagens. Tenho a sensação de que as sondagens vão evoluir mas, acima de tudo, fundo-me nas minhas convicções", esclareceu Marques Mendes, em entrevista à CNN Portugal.

Durante cerca de 50 minutos, e tal como tinha feito na apresentação da candidatura, Marques Mendes vincou a vantagem da experiência política num cargo como o de Presidente da República, mas recusou sempre falar do potencial adversário Henrique Gouveia e Melo, dizendo estar a fazer "teoria geral".

Da candidatura que agora apresentou, Marques Mendes garantiu que os portugueses podem esperar "moderação e equilíbrio", mas também "coragem" para tomar decisões difíceis.

"Há 20 anos fiz uma coisa que provavelmente nunca antes tinha sido feita: afastar autarcas do meu próprio partido. Decisões para impor e dar sinais em defesa da ética e da credibilidade política", lembrou o candidato à Presidência da República.

Pessoas que sejam acusadas de crimes graves não deviam poder ser candidatas a eleições

Marques Mendes a favor de "revisão constitucional" para que AR possa "suspender um deputado"

E  propôs quatro tipos de medidas: mudar o método de eleição dos deputados, criar instrumentos para que o Parlamento possa suspender deputados "em casos excecionais de comportamentos inqualificáveis", criar organismos dentro dos partidos para julgar matérias éticas e impedir que pessoas "acusadas ou pronunciadas" por crimes graves possam ser candidatos a eleições.

No caso concreto do ex-deputado do Chega Miguel Arruda, que continua no Parlamento apesar de ser suspeito de crimes, Marques Mendes põe a hipótese de se fazer uma "revisão Constitucional cirúrgica" para que a Assembleia da República tenha "instrumentos para, em casos excecionais de comportamentos particularmente censuráveis, suspender um deputado".

"Retribuir". Marques Mendes candidata-se a Belém com "compromisso"

Luís Marques Mendes apresentou a sua candidatura à Presidência da República por acreditar "poder ser útil ao país". No seu discurso, defendeu que "não é tempo de aventuras, experimentalismos ou tiros no escuro".

Márcia Guímaro Rodrigues com Lusa | 18:22 - 06/02/2025

"Devia ser obrigatório, revendo a lei dos partidos, que os partidos tivessem na sua estrutura comissões de ética para julgar e decidir em matéria de questões éticas. Pessoas que sejam acusadas de crimes graves não deviam poder ser candidatas a eleições. O que me custa é toda a gente, de um modo geral, falar na ética, mas depois esquecem-se do dia a dia", defendeu, na mesma entrevista - a primeira após apresentar oficialmente a candidatura.

Questionado se a sua proposta relativamente ao Parlamento não é semelhante à do Chega, que esta segunda-feira propôs uma "subcomissão de integridade e ética" na Assembleia da República que possa afastar deputados suspeitos de crime, Mendes considerou que "em tese a ideia é positiva", mas disse ter o problema de ser constituída por deputados.

"Propus há 20 anos uma comissão de ética independente, mas composta por ex-presidentes da Assembleia da República e ex-provedores de Justiça", disse. André Ventura defendeu que esta subcomissão inclua antigos provedores de justiça e procuradores.

Apesar de não considerar que a democracia está em risco, o ex-líder do PSD acredita que está a "perder qualidade a um ritmo muito perigoso e preocupante". A culpa? É dos "principais partidos", que "deviam ter tomados decisões no sentido da regeneração da democracia".

"Mais do que fazer uma crítica e olhar para trás, estou a olhar para a frente. Quero aproximar os partidos, fazer pontes para que algumas decisões sigam por diante", ressalvou ainda Luís Marques Mendes.

Sou muito amigo de Marcelo Rebelo de Sousa, mas sou muito diferente

"Marcelo? Não sou cópia nem imitação"

Questionado sobre se receia ser visto como uma cópia do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por também ter feito comentário televisivo e ter apresentado a candidatura na terra Natal, Marques Mendes garantiu que não é "cópia nem imitação" e referiu algumas das decisões e comportamentos do atual chefe de Estado de que discorda.

"Também discordei de algumas decisões do Presidente. Discordei, publicamente, da não recondução de Joana Marques Vidal e não tenho nenhum problema em dar alguns exemplos. Sou muito amigo de Marcelo Rebelo de Sousa, mas sou muito diferente. Conselho de Estado e comentário às leis que promulga. Introduziu estas duas inovações. Vou manter uma e deixar cair a outra. Os Conselhos de Estado foram muito positivos e vou manter essa ideia", antecipou o candidato à Presidência da República.

Se for eleito, prometeu uma relação de cooperação com qualquer primeiro-ministro, admitindo ser amigo do atual chefe do Governo PSD/CDS, Luís Montenegro, que disse estar a fazer "um mandato globalmente muito positivo".

Pedro Nuno Santos teve um grande contributo para que esta matéria da imigração seja menos matéria de saco de boxe e de mais consenso

Declarações de Pedro Nuno sobre imigração dão "esperança de fazer pontes"

O antigo líder do PSD confessou ainda concordar com as declarações de Pedro Nuno Santos sobre a imigração, que vê como "sensatas" e dão-lhe "esperança", caso seja eleito, "de fazer pontes noutras áreas" entre PS e PSD.

"Sei que muita gente o criticou, sobretudo dentro do próprio partido, mas disse coisas sensatas que subscrevo. A componente da educação e língua são questões absolutamente essenciais. Pedro Nuno Santos teve um grande contributo para que esta matéria da imigração seja menos matéria de saco de boxe e de mais consenso. É precisamente por isso que tenho esperança de fazer pontes noutras áreas", acrescentou.

Mendes apontou a justiça como outra área para pontes partidárias - com negociações discretas, longe da praça pública -, sugerindo que os juízes devem ter mais poderes para recusar manobras consideradas dilatórias e que os condenados por duas instâncias possam começar a cumprir pena, mesmo com direito a recursos.

Em matéria de segurança, disse não ver inconveniente em que o Relatório Anual de Segurança Interna inclua a nacionalidade de criminosos e vítimas, como pretende a IL, e defendeu o reforço do investimento em defesa, mas nunca à custa de prestações sociais, considerando que tal "mataria a confiança dos portugueses" na NATO e na União Europeia.

[Notícia atualizada às 22h56]

Leia Também: Candidatura de Marques Mendes? "Pecado original de que PS devia fugir"

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