Em causa está um encontro realizado na semana passada pelo Instituo Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (Infordepe), sob tutela do Ministério da Educação timorense, que juntou vários parceiros nacionais e internacionais para debater a elaboração do plano estratégico para o período entre 2025 e 2030 e para o qual Portugal não foi convidado.
"Temos de nos sentar e refletir sobre o que é necessário fazer e o que é preciso fazer, porque houve recentemente um seminário no Infordep de reflexão sobre as prioridades para os próximos cinco anos e Portugal não foi convidado a participar", disse a embaixadora, quando questionada pelos jornalistas sobre o avanço da língua portuguesa no país na área da educação.
Manuela Bairos falava aos jornalistas no final de um encontro com o vice-primeiro, ministro coordenador dos Assuntos Sociais e ministro do Desenvolvimento Rural e Habitação Comunitária, Mariano Assanami Sabino, a quem expressou também a sua preocupação, bem como a vontade de Portugal de ter um "maior envolvimento" na definição de estratégias educativas.
"Se há uma reunião com parceiros internacionais sobre as prioridades da educação dos próximos cinco anos e se Portugal não está sentado a essa mesa, nesse seminário, é um pouco incompreensível", afirmou a embaixadora.
"Portanto, queremos saber se houve da parte do Infordep alguma alteração de abordagem e de oportunidade da sua cooperação com Portugal. Fomos surpreendidos com um seminário com parceiros internacionais, que não envolveu Portugal", sublinhou.
A embaixadora salientou também estar surpreendida e preocupada porque Portugal está a fazer um esforço.
"Portugal está a fazer um esforço grande com 150 professores no terreno e isso tem de ser refletido ao nível da reflexão sobre as políticas educativas, na minha opinião", afirmou aos jornalistas.
A embaixadora referia-se ao projeto dos Centro de Aprendizagem e Formação Escolar ou escolas CAFE, que teve início em 2014, e que está presente nos 12 municípios timorenses e no enclave de Oecussi, lado indonésio da ilha de Timor, e que deverá este ano começar na ilha de Ataúro, em frente a Díli.
O CAFE, implementado pelos ministérios da Educação dos dois países, é frequentado por mais de 11.000 alunos e tem como grandes pilares o ensino de qualidade na sala de aula e a formação complementar de professores timorenses.
Portugal e Timor-Leste assinaram em outubro o novo Programa Estratégico de Cooperação para o período entre 2024-2028, alinhado com as prioridades das autoridades timorenses, com um envelope financeiro de 75 milhões de euros.
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