Em causa está a retirada de 99 pessoas que vivem em 15 casas autoconstruídas e em nove apartamentos num bairro clandestino da freguesia de Santa Iria da Azóia, em Loures, no distrito de Lisboa.
A retirada destas pessoas esteve prevista para o início de dezembro do ano passado, mas a Câmara de Loures aceitou adiar o prazo para 28 de fevereiro, após um pedido do embaixador de São Tomé e Príncipe, que tem vindo a intermediar este processo.
A três dias do fim do prazo, a associação Vida Justa, que tem acompanhado este caso e apoiado os moradores, divulgou a existência de um convite endereçado ao presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão (PS), e à vice-presidente, Sónia Paixão, para um almoço a realizar na sexta-feira no bairro.
"Os moradores organizaram-se e convidaram o presidente e a vice-presidente. É um almoço feito por eles para poderem discutir a situação de uma solução para o seu despejo, sem alternativa de habitação. O almoço será calulu, prato típico santomense", referiu à agência Lusa Gonçalo Filipe, da Vida Justa.
O convite endereçado aos autarcas de Loures é feito numa carta onde estes moradores apelam a que se parem os despejos e as demolições previstas até que haja uma alternativa habitacional para todos.
"Pedimos às vossas excelências que parem os despejos e demolições sem alternativas habitacionais e que se sentem à mesa connosco para trabalharmos em conjunto numa nova forma de resolver o problema. As casas estão muito caras, nós não temos forma de pagar uma renda que nos permita continuar a trabalhar nos nossos empregos", lê-se na missiva a que a Lusa teve acesso.
Segundo a associação Vida Justa, entre os moradores que vão ser despejados estão 21 crianças, quatro pessoas doentes e uma mulher grávida.
A agência Lusa tentou sem sucesso saber junto da Câmara de Loures se o convite para o almoço foi aceite.
Relativamente a este processo, a fonte da autarquia remeteu para declarações anteriores que dão conta do "empenho" da Câmara de Loures para ajudar estas famílias a encontrar uma alternativa habitacional no mercado privado de arrendamento.
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