Um dia depois da declaração do primeiro-ministro, Luís Montenegro, ao país, de moções 'em cima da mesa' e de avanços e recuos, o Partido Comunista Português (PCP) já entregou a moção de censura prometida no sábado na Assembleia da República.
Note-se que, após o desafio de uma moção de confiança por parte de Montenegro, seguiu-se o anúncio dos comunistas, que disseram que apresentariam uma moção de censura. Em reação, o líder socialista, Pedro Nuno Santos, contrapôs que os comunistas "morderam o isco", salvando o Governo, e, de outro lado, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, 'confirmava' a situação, dando conta de que a moção de censura já "não faria sentido".
Confrontado acerca desta situação na RTP3, o comunista António Filipe defendeu: "Nós não salvamos o Governo. Quem salvar o Governo é quem votar contra a moção de censura. Queremos apresentar a moção de censura para derrubar o Governo, precisamente."
O vice-presidente do grupo parlamentar do PCP deu a entender ainda que o desafio de Montenegro não passou de uma 'estratégia': "Evidentemente que não era intenção do primeiro-ministro apresentar uma moção de confiança. Se quisesse apresentar uma moção de confiança, tinha-o o feito. E não o fez. O que fez foi deixar uma ameaça no ar sem que perceba exatamente o que é que o primeiro-ministro quereria que os partidos dissessem para que ele apresentasse a moção de confiança", afirmou.
Reforçando que o país está numa "crise política", António Filipe apontou que os partidos deveriam assumir a sua responsabilidade. "Não se diga que seria a aprovação da moção de censura que criaria uma crise política. A aprovação da moção de censura permitiria ao país sair da crise política que está instalada", defendeu.
E o comunista lembrou ainda a última queda de Governo, com a saída de António Costa, por este considerar que nunca um primeiro-ministro poderia estar sob suspeita. "Agora, estamos perante uma situação em que de facto o primeiro-ministro está obviamente fragilizado na sua autoridade enquanto chefe de Governo, por circunstâncias relacionadas com a sua vida empresarial anterior, mas há uma acumulação de situações: esta é, vá lá, uma gota de água. A moção de censura não tem apenas a ver com isso, tem a ver com um juízo mais global de censura à política do Governo, que o PCP entende dever fazer".
O deputado disse ainda que esta é uma situação que "não se pode prolongar", já que Portugal está "com um Governo posto em causa".
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