O ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas considerou que a crise que coloca o primeiro-ministro na 'mira' era "evitável", nomeadamente, quando Luís Montenegro assumiu o cargo.
"Em política às vezes têm de se fazer opções, que são injustas para terceiros", afirmou, no seu espaço de comentário na CNN Portugal, explicando que a situação "recomendaria" que este tivesse fechado a empresa familiar Spinumviva, agora "detida exclusivamente" pelos filhos do chefe de Governo.
"A meu ver, isso foi um erro de avaliação. Depois, há um erro de comunicação, que é: tudo o que foi dito anteontem e ontem poderia ter sido dito há três semanas e teria ficado, no essencial, clarificado", considerou, exemplificando com as informações de que os clientes da empresa eram empresas "com boa reputação e havia colaboradores".
"Tudo isso podia ter sido antes. O arrastar levou a uma situação de tensão que é desproporcionada", avaliou, uma vez que "uma coisa é cometer erros - que merecem avaliação política".
"Agora, nenhum destes erros é um irregularidade, um delito e muito menos um crime", disse.
Quanto à questão que está agora em cima da mesa - nomeadamente pela oposição -, o comentador atirou: "Isto é razão para derrubar um Governo? Tendo sido feitos os esclarecimentos que podiam ter sido feitos há mais tempo? Não me parece."
Questionado sobre se a confiança no chefe de Governo ficava manchada, Paulo Portas considerou que não mas, por outro, tornava "mais exigente a governação e torna maior o escrutínio sobre todo o Governo".
Ainda quanto ao tema da moção de censura ao Governo, entregue este domingo no Parlamento pelo Partido Comunista Português, Portas defendeu: "Uma de duas: ou é recusada e o Governo fica implicitamente confirmado - não é precisa uma moção de confiança - ou a moção de censura é aprovada e o Governo cairá nos termos em que uma moção de censura tem de ser aprovada."
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