Macaco mobilizou Super Dragões para "apoiar" e não para "bater em alguém"

O antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, um dos 12 arguidos que começaram a ser julgados na Operação Pretoriano, disse hoje ter "mobilizado" a claque para apoiar Pinto da Costa na assembleia geral, mas não mandatou agressões.

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Lusa
17/03/2025 13:23 ‧ há 10 horas por Lusa

País

Pretoriano

"Eu mobilizei os Super Dragões e pessoas conhecidas para irem à AG [de novembro de 2023] para apoiarem Pinto da Costa. Saiu de mim", referiu Fernando Madureira.

 

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira e a mulher, Sandra Madureira, começaram hoje a responder por 19 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, perante forte aparato policial nas imediações e com um atraso de cerca de 45 minutos.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma assembleia-geral do FC Porto, em novembro de 2023.

Perante críticas da defesa, que chegou a falar em "terrorismo jurídico", e com decisão de manter as sessões abertas ao público, em julgamento com fortes medidas de segurança, Madureira foi um dos oito arguidos que afirmou querer prestar declarações.

Tendo dito que mobilizou as pessoas para demonstrarem apoio a Pinto da Costa, que entretanto morreu, por considerar aquela assembleia-geral "umas primárias" de aprovação ao líder, o antigo chefe da claque disse nunca ter visto qualquer das agressões, que agiu para "apagar fogos" no evento, e em torno do evento, e que não ordenou que adeptos mudassem de bancada.

Considerando "completamente falso" que tenha insultado adeptos afetos ao então putativo candidato André Villas-Boas, bem como estado envolvido na organização da reunião magna, a sua segurança, admissão e credenciação, reiterou que ninguém de um grupo da claque, na rede social Facebook, viria a "provocar desacatos ou bater em alguém".

Questionado sobre se "o que se passou na assembleia não teve na a ver com os Super Dragões", foi taxativo. "Completamente verdade", atirou.

Em prisão preventiva desde janeiro de 2024, Madureira atribuiu, de resto, os desacatos e problemas subsequentes a uma "campanha" orquestrada pelo movimento associado ao atual presidente.

A defesa de Pinto da Costa, reforçou, era o que o movia, sendo-lhe "indiferente" de que forma votariam os sócios na alteração estatutária proposta.

Negou conhecer dois dos arguidos, estando ainda incompatibilizado com alguns dos outros à data dos factos, a começar por Vítor Catão, e qualquer associação da claque aos acontecimentos.

"Foram atos isolados que nada tiveram a ver com os Super Dragões. Foi tudo criado por uma máquina de campanha [de Villas-Boas] para ganhar as eleições".

A dado ponto, descreve, sentiu-se "extremamente nervoso e desagradado".

"Fiquei irritado, transtornado, angustiado e triste, por ver sócios do FC Porto uns contra os outros. (...) Dizia-lhes: 'é isto que querem para presidente? [André Villas-Boas] veio aqui, deu uma entrevista, foi para casa e nós aqui ao barulho", notou.

O julgamento prossegue pela tarde, de novo com Madureira a prestar declarações, ficando desde já anunciado que será confrontado com mensagens que terá enviado em torno do evento.

Após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento os 12 arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.

A acusação assenta numa alegada tentativa de os Super Dragões "criarem um clima de intimidação e medo" numa Assembleia Geral do FC Porto, em novembro de 2023, para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.

O histórico dirigente viria a ser derrotado em eleições, por André Villas-Boas, e os Super Dragões envolvidos noutra operação, 'Bilhete Dourado'.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.

Depois do arranque de hoje, na terça-feira, pelas 09:30, será a vez dos legais representantes dos três assistentes do processo, FC Porto, SAD dos 'dragões' e Henrique Ramos, seguidos das primeiras testemunhas a serem ouvidas, prosseguindo o julgamento na quinta-feira.

O julgamento continua em 24 e 25 de março, estando também agendadas sessões para abril e maio.

Leia Também: Madureira entre os oito arguidos que vão falar. Sandra fica em silêncio

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