"Tinha bebido e não sei o que se passou", contou o arguido no início do julgamento.
O arguido, um serralheiro residente em Talhadas, Sever do Vouga, está acusado de três crimes de incêndio florestal.
Questionado pela juíza presidente, o arguido, atualmente em prisão preventiva, disse que não se sente atraído pelo fogo e mostrou estar arrependido do que fez.
Afirmou ainda estar a fazer um tratamento para o alcoolismo, apesar de não ter assumido hábitos de consumo excessivo de álcool.
O primeiro incêndio ocorreu cerca das 13:45, num terreno agrícola próximo da sua residência. O arguido contou que ateou fogo com um isqueiro e, pouco tempo depois, tentou ajudar uns vizinhos a apagar as chamas.
Cerca de uma hora depois, quando o primeiro incêndio já se encontrava extinto, o arguido referiu que regressou ao mesmo local e voltou a atear fogo à vegetação existente com um isqueiro, regressando a casa.
Ainda no mesmo dia, a meio da tarde, saiu de casa para ir comprar vinho e carne e no regresso a casa passou com o carro num estradão de terra, junto a um eucaliptal, e atirou uma beata para a berma.
"Como tinha bebido uns copos, sei que vinha a fumar e atirei uma beata fora", afirmou.
O arguido contou também que depois de chegar a casa apercebeu-se de uma coluna de fumo no local onde tinha passado e ao ver os vizinhos a dirigirem-se para a zona tentou ir lá para ajudar a combater o fogo, mas deram-lhe uma paulada na cabeça e desmaiou.
"Eu sei que ia a correr por ali acima e só sei que acordei ao lado com a cabeça rachada e já estava o fogo apagado", declarou.
O arguido disse ainda que sabia que naquele dia o tempo estava extremamente quente e a vegetação estava seca e que na zona onde o fogo deflagrou havia casas e empresas.
Tendo em conta a confissão integral e sem reservas do arguido, o Ministério Público dispensou a produção de prova, tendo-se passado para a fase de alegações finais.
A leitura do acórdão ficou marcada para o dia 27.
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