Sob o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz, Matos Gomes assinou vários romances em que estava patente a temática africanista, nomeadamente no contexto da Guerra Colonial, tendo-se estreado com 'Nó Cego' (1983).
O seu mais recente livro, 'Geração D', assinado com o seu nome, publicado há um ano, em março de 2024, era, como afirmou à agência Lusa, "o reverso do 'Nó Cego'".
"O primeiro romance que escrevi, em que pretendi transmitir aos outros o que a minha geração tinha passado durante a Guerra Colonial [1961-1974]. Como cada um de nós, que vínhamos de vários sítios - e cada um agregado numa e determinada unidade militar, que tinha sido sujeita a várias forças de dissolução -, como aquele grupo, que representava a minha geração, tinha reagido e enfrentado uma situação tão crítica", afirmou à Lusa, o ano passado.
Da sua bibliografia, sob pseudónimo, constam pouco mais de dez títulos, entre eles, 'Soldadó' (1988), "Os Lobos Não Usam Coleira" (1991), que foi adaptado ao cinema por António-Pedro Vasconcelos, 'Os Imortais' (1991), no qual, entre outros, participaram Nicolau Breyner, Joaquim de Almeida e Rogério Samora, e, 'A Última Viúva de África' que lhe valeu o Prémio Literário Fernando Namora em 2018.
Na área do ensaio publicou vários títulos em coautoria com o seu camarada de armas Aniceto Afonso, o mais recente, 'Guerra Colonial' (2020), e colaborou regularmente na imprensa e em atividades dos Centros de História Contemporânea das universidades de Lisboa e Nova de Lisboa, e com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
A parceria com Aniceto Afonso produziu cerca de 12 títulos, sete deles sobre a participação portuguesa na I Guerra Mundial (1914-1918), um outro intitulado 'A Conquista das Almas. Cartazes e panfletos da ação psicológica na guerra colonial' (2016), e, ainda dentro da temática da Guerra Colonial, "Guerra Colonial - Um Repórter em Angola" (2001).
Além de 'Geração D', em nome próprio tinha publicado em 2002 'Moçambique 1970'.
O ano passado, em vésperas da publicação de 'Geração D', disse à Lusa não ser um romance, mas um livro que tomou a forma de uma "autobiografia ficcionada de uma geração". E por isso, o autor quis assumi-lo com o seu nome de registo. "É uma assunção desta pessoa que sou eu e que faz esta ficção tendo como narrador a personagem principal, que também sou eu", declarou.
Carlos Matos Gomes nasceu a 24 de julho de 1946 em Vila Nova da Barquinha, estudou no Colégio Nuno Álvares, em Tomar e, posteriormente, na Academia Militar, em Lisboa. Fixou-se na Arma de Cavalaria do Exército português e cumpriu três comissões militares em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, nos Comandos, uma tropa de elite do Exército. Pelos seus serviços militares foi condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª e 2.ª Classe.
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