Os trabalhadores dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) decidiram suspender a greve marcada de 21 a 24 de abril, "num ato de boa fé de que possa vir a acontecer alguma coisa na reunião do dia 29 com o Governo", disse à agência Lusa a coordenadora regional do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), Luísa Silva.
Esta seria a terceira greve dos trabalhadores dos SMTUC este ano, depois de terem cumprido dois dias em fevereiro e três em abril, num calendário de luta que aumenta um dia todos os meses até setembro, mês em que deverão realizar-se as eleições autárquicas, totalizando 44 dias de paragem.
Em causa está a, há muito, reclamada reposição de carreira dos motoristas dos SMTUC e consequente melhoria dos seus salários, cuja remuneração tem deixado vagas por preencher e problemas de falta de mão de obra nestes serviços municipais.
"Já tivemos duas reuniões com o Governo, a última no Ministério das Finanças, e ficou sempre a proposta de que para a próxima reunião é que vai ser. A próxima é a 29 e queremos crer que se vai começar a negociar", disse Luísa Silva.
A expectativa dos trabalhadores e dirigentes sindicais é de que o Governo apresente já "um dossiê construído para ser negociado", partindo das propostas apresentadas pelo STAL, mas também pela Câmara de Coimbra.
Caso não haja nada de concreto no dia 29, será agendado logo "outro plenário" para discutir a greve de cinco dias prevista para maio (de 26 a 30), acrescentou.
Questionada pela Lusa sobre a greve poder vir a realizar-se num período de transição entre governos, Luísa Silva disse que a greve irá "punir o Governo, seja ele quem for", referindo que todas as forças políticas têm conhecimento da situação dos trabalhadores dos SMTUC.
"Ganhe o Governo que ganhar, todos eles têm noção dos problemas. Assim que houver uma vitória têm de dar indicação de que pretendem assinar alguma coisa ou negociar", referiu.
Na semana passada, Luísa Silva, após uma reunião com o Governo e Câmara em Lisboa, manifestou alguma desilusão com o processo, lamentando que, na altura, não tivesse sido apresentada qualquer proposta para ser discutida por parte da Administração Central.
Já o STAL, enviou uma proposta de carreira dos motoristas.
Na altura, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, voltou a defender uma proposta apresentada pelo município em dezembro para um suplemento remuneratório de 15% face ao vencimento base.
"Esta é uma solução de mais fácil e rápida decisão, sem prejuízo, como reiterámos na reunião, de se avançar com um debate sobre a reposição das carreiras, que defendemos", disse à agência Lusa o autarca, considerando que a reposição da carreira é um processo "mais complexo", que deve avançar.
Para José Manuel Silva, é importante assegurar uma solução "no imediato", com um suplemento "apropriado às funções dos assistentes operacionais com responsabilidade de agentes únicos".
A aplicação imediata de um suplemento de 15% teria um impacto anual de cerca de 820 mil euros, que a Câmara está disponível para suportar e que considera "completamente justo", frisou.
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