Na apresentação de um livro sobre Francisco Sá Carneiro, Luís Montenegro recordou a maioria absoluta que o fundador do partido conseguiu reforçar em 1980 e a maioria relativa que Cavaco Silva - na plateia - conseguiu transformar em maioria absoluta em 1987.
"Estou convencido de que esta maioria também vai ser uma maioria maior porque vai preencher as capacidade de que precisamos para juntar à estabilidade financeira que temos à estabilidade económica e social", afirmou, referindo-se à estabilidade política.
Montenegro discursou logo após Cavaco Silva, autor do prefácio do 7.º e último volume do livro sobre o fundador do partido, intitulado precisamente 'Uma maioria maior - 1980'.
O primeiro-ministro defendeu que a estabilidade política, nomeadamente entre a Assembleia da República e o Governo, "assegura-se muito da relação de confiança".
"Eu orgulho-me de ter dito há um ano, e de agora reiterar: Eu só aceito ser primeiro-ministro depois da legitimação direta do voto popular e da vitória do voto numa eleição legislativa", afirmou, dizendo que tal "não é nenhuma mania, é mesmo uma questão de legitimação".
Montenegro recordou, tal como tinha feito Cavaco Silva, que, mesmo depois de ter vencido com maioria absoluta as eleições em 1980, Sá Carneiro avançou para uma moção de confiança e fez uma comparação com o seu discurso de posse em 2 de abril do ano passado.
"É verdade, não ousei apresentar nessa oportunidade uma moção de confiança, mas disse com frontalidade política e lealdade, que a não rejeição do programa do Governo só poderia ter um significado para não ser decidida com reserva mental: era o parlamento dar condições ao Governo para poder executar o seu programa", recordou.
O líder do PSD frisou que, na altura, foi acusado de arrogância e considerou que o chumbo das moções de rejeição ao programa ou das posteriores moções de censura já relacionadas com a polémica à volta da sua vida pessoal e patrimonial não foram feitas de forma convicta, numa crítica implícita ao PS.
"Foi por ser diferente daquela que era a vontade política genuína que nós apresentámos uma moção de confiança. E a moção de confiança mostrou ao país aquilo que os partidos da oposição queriam esconder. É que não queriam mesmo dar condições ao Governo para executar o seu programa. E é isso que agora está em discussão", defendeu.
O primeiro-ministro assumiu que as suas principais inspirações na governação são Francisco Sá Carneiro e Aníbal Cavaco Silva.
"Fico arrepiado porque, do ponto de vista dos princípios e dos valores, nós estamos exatamente na mesma circunstância em que se encontraram aqueles que nos antecederam no exercício das funções de liderança do PSD e também da liderança do Governo", considerou.
Montenegro não deixou de elogiar as lideranças de Manuela Ferreira Leite - também na plateia - ou de Pedro Passos Coelho, mas considerou que os governos de Cavaco Silva com maioria absoluta "foram, objetivamente, os períodos de maior desenvolvimento do país".
[Notícia atualizada às 20h54]
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