O período em que José Sócrates foi Chefe do Executivo com maioria absoluta foi um “período negro” que vai ficar marcado na “história do PS”.
Esta é a opinião de Manuela Ferreira Leite que, no seu habitual comentário político na antena da TVI24, classificou as declarações dos dirigentes do PS como uma “tentativa de o partido se desresponsabilizar desse período negro”.
Mas para a antiga ministra das Finanças é claro que o “PS tem responsabilidade política sobre tudo o que se passou nesse período”, pois o “resultado desse governo foi a bancarrota, a ruína do país”.
E, por isso, Ferreira Leite considera que José Sócrates não é o único culpado do estado financeiro em que o país se encontrava em 2011. “Não foi só o primeiro-ministro que conduziu o país [à bancarrota]. Foi ele e a máquina poderosa e solidária que levaram a que se tomasse determinado tipo de medidas, como é o caso das obras públicas. Estas medidas foram tomadas em conselho de ministros em que toda a gente falava sobre o assunto”, referiu.
“E a culpa é só de uma pessoa?”, questiona, para de seguida responder que “não”, que a “culpa é de uma máquina que protegeu e desenvolveu este tipo de decisões que arruinaram o país”.
A antiga líder do PSD considera flagrante o caso das parcerias publico-privadas que levou à construção de várias autoestradas onde, hoje em dia, quase “não há carros”.
Sobre o tema corrupção, Ferreira Leite admite que nunca pensou que as PPP pudessem incorrer em algum tipo de ilegalidade. “Achava que era irresponsabilidade, eleitoralismo, incompetência e até uma megalomania doentia. Mas nunca me atravessou o espírito que houvesse qualquer ilegalidade ou corrupção”, admitiu, considerando que a corrupção “não se combate, evita-se avaliando profundamente aquelas que são as consequências das decisões”.
“As grandes decisões em termos financeiros são propícias a poder haver corrupção, por isso, quando se tomam decisões sem pensar nas consequências é a forma mais fácil de poderem surgir aspetos de corrupção”, aponta.
Para finalizar, a social-democrata volta a frisar que “essa máquina que foi montada não é obra de uma pessoa, é obra de um partido”.