Em declarações à agência Lusa, à margem de um encontro com a comissão de trabalhadores da multinacional alemã, a deputada comunista à Assembleia da República Carla Cruz voltou a denunciar a existência de "chantagens" sobre cerca de 100 trabalhadores para que mudem de turno e de recorrer a vínculos precários para preencher postos de trabalho efetivos.
A Lusa contactou a Bosch que não quis reagir às acusações do PCP.
"O que nos foi dito é que há um número expressivo de trabalhadores que agora estão a ser contratados por via de uma empresa de trabalho temporário, não são efetivos da Bosch, ou seja, a empresa está a recorrer a trabalho precário e temporário para preencher postos de efetivo", denunciou Carla Cruz.
A deputada, que reconheceu que os salários praticados na multinacional "são acima do salário mínimo nacional" deu conta da existência de discriminações salariais.
"O fim da contratação coletiva permitiu que apenas os de maior antiguidade tenham maior majoração pelo trabalho noturno, diuturnidades. Os que não estão abrangidos por esses contratos mais antigos já não, ou seja, para funções idênticas temos salários diferentes", explicou.
A parlamentar adiantou ainda que os trabalhadores "vão realizar plenários" para "discutir formas de luta" contra as situações denunciadas.
"Numa empresa que tem vindo a aumentar os seus lucros graças ao trabalho dos trabalhadores, no mínimo, o que seria expectável era que houvesse distribuição de riqueza e ela não existe", apontou.
Carla Cruz voltou a referir a questão da eliminação do terceiro turno e a passagem dos trabalhadores deste turno para outros dois.
"Um dos objetivos [da reunião com os trabalhadores] era perceber como está implementação do fim do terceiro turno, que funciona das 23.00 às 06.00 e aquela que tem sido a chantagem da empresa para que passem para o 4º e 5º turnos, que obrigam os trabalhadores a trabalharem todos os fins-de-semana e um deles a uma rotatividade entre dias de semana e fins de semana, sendo um deles ainda mais penoso", denunciou a deputada.
Segundo adiantou Carla Cruz, "neste momento estão cerca de 100 trabalhadores a ser pressionados para passar para estes turnos".