A primeira intervenção do PSD no debate do estado da Nação na Assembleia da República coube, não ao líder parlamentar, mas ao vice-presidente da bancada Adão Silva, que se centrou quase exclusivamente na área da saúde e acusou António Costa de não falar "para o país real, para as pessoas reais".
"Acho estranho que não ache que falamos de pessoas quando falo das 80 mil pessoas que saíram da pobreza desde que deixaram o Governo, estranho que não perceba que falamos de pessoas quando falamos dos 300 mil novos postos de trabalho criados", respondeu o primeiro-ministro, António Costa, acrescentando que "também são pessoas" os novos 7.900 profissionais contratados para o setor da saúde pelo atual Governo.
Adão Silva confrontou Costa com uma descida de 52 milhões de euros de investimento na área da saúde entre 2015 e 2017, mas o primeiro-ministro respondeu com a queda da despesa do Estado com saúde de 6,9 para 5,9 do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2011 e 2015, anos do executivo PSD/CDS-PP.
Desafiado a concretizar se o Governo vai avançar com a transferência do Infarmed para o Porto -- cuja forma de anúncio o primeiro-ministro chegou a classificar de "inábil", António Costa respondeu que essa continua a ser a intenção do Governo.
"É nossa intenção que o Infarmed seja mudado para o Porto, as condições da mudança foram avaliadas num relatório, quando tivermos a análise concluída, sem leviandade, tomaremos a decisão final, que, desejo, possa confirmar a nossa intenção", afirmou.
Na área da Saúde, Adão Silva aludiu aos casos da oncologia pediátrica de São João -- "não brinquem com as crianças", apelou -, bem como às recentes demissões no São José e na Maternidade Alfredo da Costa e à passagem das 40 para as 35 horas neste setor.
"Nós não vivemos o benefício do milagre, vivemos um Governo que está a fazer um esforço para recuperar do brutal desinvestimento que durante os quatros anos sofreu o SNS", respondeu António Costa, aludindo à anterior governação PSD/CDS-PP.
"Há uma coisa que os portugueses sabem: com os governos do PS criou-se o SNS e melhorou-se a saúde e com este Governo acontecerá exatamente o mesmo", acrescentou.
Na sua intervenção, o vice-presidente da bancada do PSD aludiu também, de forma breve, à questão dos incêndios, lamentando que António Costa não tenha falado nesta tragédia que provocou mais de cem mortos no seu discurso (embora tenha falado nas reformas que o executivo está a preparar na área das florestas).
"O ano orçamental que agora termina foi mau para os portugueses, deixa os portugueses mais frágeis, mais desamparados", considerou.
Sobre a atual situação política Adão Silva falou também de passagem, acusando a 'geringonça' -- em que o Governo PS tem sido apoiado por posições conjuntas assinadas por BE, PCP e Verdes -- de estar "em exercício de desmantelamento".
"Antes eram as reversões e todo o contentamento estava aí, mas agora, embora se esforce por motivá-los, já lá não vai. Os senhores estão aos encontrões uns com os outros, como se vai ver no debate e isso não é bom para o país", criticou.