"Cavaco deu um grande contributo para a estabilidade da Geringonça"

O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que, "paradoxalmente", a exigência do ex-Presidente da República Cavaco Silva de um acordo escrito, com horizonte de legislatura, entre PS, Bloco, PCP e PEV, deu "um grande contributo" para a estabilidade deste Governo.

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Lusa
15/01/2019 22:47 ‧ 15/01/2019 por Lusa

Política

António Costa

 

António Costa assumiu estas posições em entrevista em Lisboa concedida ao jornalista Luís Osório, integrada no ciclo de conferências do grupo de turismo 'PortoBay', intitulada '30 pessoas e um país', num período em que falou sobre a formação do atual Governo minoritário socialista, suportado no parlamento pelo PCP, Bloco de Esquerda e PEV.

Neste capítulo, o primeiro-ministro deu uma resposta surpreendente quando se pronunciou sobre as razões de o atual executivo já estar em funções há mais de três anos, encontrando-se em vias de terminar a legislatura.

"Curiosamente, quem deu um grande contributo para a estabilidade desta solução foi o então Presidente da República [Cavaco Silva], quando exigiu que houvesse uma expressão escrita de um acordo no horizonte da legislatura. Houve uma fase em que não era evidente que todos [os partidos] estivessem disponíveis para assinar um documento para o horizonte da legislatura", referiu, numa alusão indireta à posição do PCP.

Ora, segundo António Costa, "essa posição do então Presidente da República, paradoxalmente, contribuiu para uma solução de estabilidade".

A entrevista teve alguns momentos de humor, designadamente, quando o jornalista Luís Osório perguntou a António Costa se estava a dar "um abraço de urso" ao PCP.

O primeiro-ministro respondeu imediatamente: "Acho que não tenho vocação para urso", disse, provocando risos na plateia.

No plano estritamente político, António Costa assumiu mesmo que fala num estilo de maior proximidade com o PCP do que, por exemplo, com o Bloco de Esquerda.

"Se as pessoas acham isso, é porque deve ser assim. Talvez tenha a ver com o meu pai, mas tem a ver sobretudo com anos de experiência, porque participei nas negociações de 1989 que geraram a coligação 'Por Lisboa' liderada por Jorge Sampaio", começou por justificar.

O primeiro-ministro referiu depois que possui "muitos anos de trabalho com o PCP" - uma força política que elogiou da seguinte forma: "É um partido com um grande sentido institucional, com que é muito duro negociar, mas há uma relação de fiabilidade e de confiança muito grande", salientou.

Ao longo da entrevista, António Costa referiu, com humor, que, entre 1995 e 1999, foi "o Pedro Nuno Santos do Governo de António Guterres", tendo desempenhado as funções de secretário de Estado e depois de ministro dos Assuntos Parlamentares.

Mais à frente - e apesar de ter reconhecido que escolheu Fernando Medina para lhe suceder nas funções de presidente da Câmara de Lisboa -, António Costa fez questão de salientar que a via será diferente no seu partido e que não escolherá "o herdeiro" no cargo de secretário-geral do PS entre Fernando Medina, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes "ou outros".

 

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