A questão do tempo de carreira dos professores que deverá ser contabilizado abriu uma 'mini' crise política no Executivo.
Na quinta-feira, o PS viu-se isolado à Esquerda e à Direita na hora de votar. Carlos César argumentou que tal seria inconstitucional e admitiu inclusive a possibilidade de o Governo se demitir.
Esta sexta-feira decorre uma reunião de emergência convocada pelo próprio António Costa. O PS apontou "irresponsabilidade" aos restantes partidos nesta votação. Da parte do Bloco de Esquerda, Catarina Martins considerou que este ambiente de crise política é "totalmente artificial", numa publicação no Facebook.
Também esta sexta-feira surgiu já a reação do CDS, pela líder Assunção Cristas, em conferência de imprensa.
A centrista acusa o Governo de estar a levar a cabo uma "vitimização desonesta" e lançou um mote ao PS e ao Executivo: avançar com uma moção de confiança.
"Uma coisa é a consideração do tempo de pagamento, outra coisa é o pagamento desse tempo. E é importante lembrar que se está sempre a falar do futuro e nunca de retroativos", destacou a centrista.
"Quanto ao tempo de congelamento, a proposta do Governo era considerar sete anos - ou seja, do tempo da troika para cá - e esquecer que o primeiro período de congelamento foi entre 2005 e 2007, no governo socialista de José Sócrates. De resto, os dois congelamentos foram de José Sócrates - um em 2005 e o outro em 2011. O que foi aprovado ontem foram os nove anos, porque se o princípio é descongelar, então não aceitamos branquear o passado", explicou.
Cristas considera que "o CDS fez o que disse sempre que faria: ser justo para com os professores. Outra coisa é o pagamento desse tempo. O Governo aprovou e o Presidente promulgou pagar dois anos e nove meses. Ontem não houve qualquer acréscimo a este período", razão pela qual "não aumenta um cêntimo que seja o encargo para o Orçamento", salientou sobre a posição centrista.
"Do lado do CDS a nossa proposta previa uma negociação que deveria ter em conta o crescimento económico, a revisão da carreira, a avaliação e a aposentação dos professores".
"Perante isto, que não trouxe nada de novo do ponto de vista orçamental, o que faz o governo? Monta uma fantochada para se vitimizar, encena um golpe, quer reescrever a história, acusando tudo e todos de irresponsabilidade. Mais uma vez atua com base na desonestidade política e intelectual; atira areia para os olhos das pessoas. No CDS não aceitamos esta manipulação da verdade", criticou a antiga ministra.
De seguida, Cristas lançou um desafio aos socialistas.
"O Governo tem agora o que tinha no Orçamento: um mandato para negociar. Mas se o governo sente que perdeu o seu apoio parlamentar junto dos seus, tem uma solução. Apresente uma moção de confiança. Se quer eleições, assuma-o e não arranje desculpas. Por nós este governo já tinha terminado há muito. Do nosso lado, estamos sempre preparados para eleições", finalizou a líder do CDS.
[Notícia atualizada às 11h25]