"Nós afirmamos, claramente, que acabamos por trocar um aeroporto, possível de construir no campo de tiro de Alcochete, e, em vez de um aeroporto, vamos ficar com mais um apeadeiro. Ora isto não é solução, tendo em conta a dimensão do turismo, tendo em conta a importância dos voos aéreos. Naturalmente isto significa, claramente, que vamos ficar a perder", disse.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas durante uma ação de pré-campanha eleitoral junto de trabalhadores da Autoeuropa, em Palmela.
"Isto não pode ser feito à custa do interesse nacional. Insisto nesta ideia: nós podíamos ficar com dois aeroportos, tínhamos espaço e condições para isso, mantendo a Portela mais Alcochete. A verdade é que, como se vai verificar quando aquilo começar a funcionar, vai ficar ali praticamente um apeadeiro. Não estamos de acordo. É o interesse nacional que está a ser prejudicado", acrescentou.
O líder comunista reagiu desta forma às dúvidas manifestadas pelo líder do PSD, Rui Rio, em relação à construção do novo aeroporto do Montijo, e às declarações do primeiro-ministro António Costa, que deu a construção do aeroporto do Montijo como adquirida.
A par das críticas ao Governo do PS pela escolha do Montijo, o dirigente comunista lembrou que os sociais-democratas também têm responsabilidades neste processo, porque "foi um governo do PSD que entregou a construção do novo aeroporto a uma empresa privada, à Vinci".
No debate realizado segunda-feira com o líder do PAN na RTP, o presidente do PSD, Rui Rio, defendeu que se o estudo de impacte ambiental e a discussão pública sobre o novo aeroporto do Montijo mostrarem que "o impacto é exagerado e não há medidas para o atenuar o suficiente, ou que saem caríssimas, poderá ser avisado a reapreciação de Alcochete".
Várias associações de defesa do ambiente e a `Plataforma Cívica BA6 - Montijo Não´ contestam a construção do novo aeroporto no Montijo, por considerarem que não estão salvaguardas as questões de segurança para as aeronaves, devido à presença de milhares de aves na Reserva Natural do Estuário Tejo, junto ao futuro aeroporto do Montijo.
Por outro alertam para o facto de haver cerca de 35 mil a 40 mil pessoas por debaixo do cone de aproximação do futuro aeroporto, onde o ruído dos aviões é muito intenso, nos concelhos o Barreiro e da Moita.
Além destes argumentos, a associação Zero (Associação Sistema Terrestre Sustentável), que também contesta a escolha do Montijo, considera que há ilegalidades no processo, porque não foi feito um estudo comparativo obre as vantagens e desvantagens de cada uma das duas localizações possíveis para o novo aeroporto, no Montijo e no campo de tiro de Alcochete.