Chega defende "cortes na despesa do Estado" para evitar crise financeira

André Ventura foi o segundo dirigente partidário a ser ouvido durante a tarde de hoje pelo primeiro-ministro em São Bento.

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Notícias ao Minuto
26/05/2020 20:03 ‧ 26/05/2020 por Notícias ao Minuto

Política

André Ventura

O dirigente do Chega, André Ventura, afirmou, esta terça-feira, que se o Governo não apostar em medidas internas para estimular a economia e não cortar nas "despesas desnecessárias do Estado" o futuro que se avizinha será já não de uma crise sanitária, mas sim de uma crise financeira. 

"Por muito otimistas que sejam o ministro das Finanças e o primeiro-ministro,  não ha cenário que resista a isto", declarou o deputado único do Chega, em conferência de imprensa, após ter estado reunido com António Costa em São Bento no âmbito da proposta delineada pelo Executivo socialista do programa de estabilização económica e social decorrente da pandemia de Covid-19.

Apontando que o "trabalho" realizado pelo Governo deveria "ter sido de maior prudência", André Ventura insistiu "que gera alguma preocupação" ao partido o facto de "não haver planos" para que haja uma redução das "despesas supérfluas" do Estado, uma matéria já por diversas vezes trazida pelo Chega ao debate público e político. 

Questionado sobre que despesas o Governo deve cortar na máquina do Estado, André Ventura destacou o futuro observatório contra a discriminação e contra o racismo "na área da ministra Mariana Vieira da Silva". Para o dirigente, "em Portugal, nesta altura, esse observatório não se justifica".

"Desilusão" e "70 mil desempregados"

André Ventura manifestou também "alguma desilusão" com o documento apresentado, no sentido em que não acolhe "benefícios fiscais nem créditos fiscais". 

"Temos defendido (...) que os setores mais afetados como a restauração, ginásios, hotelaria, turismo ou outros possam ter um quadro fiscal no qual a sua situação seja melhorada. Por exemplo, a redução da taxa do IVA até junho do próximo ano. Foi uma das propostas que apresentamos e nos parece fazer sentido para os setores mais afetados que também não foi acolhido pelo Governo", apontou o dirigente acrescentando que outras das propostas do Chega, como por exemplo "a isenção de contribuições para a Segurança Social até junho do próximo ano" também não foi tida em conta pelo Executivo. 

André Ventura ainda revelou que, segundo dados a que teve acesso, "nos últimos meses", Portugal registou um aumento de "70 mil desempregados" e que o Governo estima que o desemprego no país possa chegar aos 10% no final do ano. 

"Temos 13 mil milhões de quebra de saldo orçamental, (...) se não traçarmos um cenário robusto de apoio à economia mais fragilizada e, ao mesmo tempo, de corte nas despesas desnecessárias do Estado, a médio prazo estaremos mergulhados (...) numa crise financeira. Temos de evitar isso a todo o custo", destacou. 

O primeiro-ministro termina ao final da tarde, desta terça-feira, a ronda de audiências com os partidos com representação parlamentar na residência oficial, em Lisboa, para lhes apresentar a proposta de programa de estabilização económica e social decorrente da pandemia de Covid-19.

Depois de se reunir na segunda-feira com as direções do BE, do PAN, do PCP e do PEV, o chefe do Governo já recebeu, durante a manhã de hoje, os líderes do CDS e da Iniciativa Liberal. Após o PSD, foram recebidos o Chega e o PS.

Costa explicou no Parlamento que nestas audiências vão estar em foco o "programa de estabilização económica e social e o reflexo que deva ter também no orçamento suplementar que o Governo pretende apresentar na Assembleia da República" em junho.

Na quinta-feira, enquanto secretário-geral do PS, Costa revelou que o programa de estabilização económica e social do país vai prever um mecanismo de "Simplex SOS" para desburocratizar investimento e obras para a eliminação do amianto nas escolas.

A segunda dimensão do programa estará centrada nas empresas, o terceiro pilar estará relacionado com o emprego e o quarto visa responder à "dimensão social da crise e passa por prosseguir o reforço do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública".

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