Rui Rio, que falava aos jornalistas na Assembleia da República, assinalou que criticou o formato destas reuniões quando "ainda ninguém tinha falado sobre isso" e acrescentou: "Eu acho que as reuniões do Infarmed não precisam de ser tão frequentes e precisam de ser mais objetivas e mais curtas, e aí aumentaria naturalmente a utilidade".
Questionado se já percebeu se as reuniões no Infarmed vão acabar ou não, o presidente do PSD, que assistiu por videoconferência à última sessão, respondeu: "Isso não sei, não me pergunte a mim se elas vão acabar ou não. Eu dei uma opinião".
No seu entender, as primeiras reuniões entre responsáveis políticos e especialistas sobre a evolução da covid-19 foram úteis para todos, porque nessa altura "ninguém percebia de epidemias e de pandemias", mas "depois, naturalmente, o modelo deveria ser ajustado".
"Agora, não é polémica onde eu me queira meter, por amor de Deus", observou.
Rui Rio pronunciou-se sobre este assunto em entrevista ao Porto Canal, divulgada no sábado, considerando que as reuniões no Infarmed "começam a ter pouca utilidade" e deveriam "dar uma fotografia objetiva e curta" da situação, seguida de "conselhos técnicos".
Na quarta-feira, no final da décima reunião no Infarmed, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou perante a comunicação social: "Terminamos hoje uma experiência de vários meses, iniciada no final de março em pleno estado de emergência".
Escusando-se a "fazer profecias sobre o que será necessário em termos de futuros encontros como este", o chefe de Estado fez um balanço destas dez sessões, que se realizaram por iniciativa do primeiro-ministro, António Costa, afirmando que a sua realização periódica foi "muito importante" e representou "o máximo da transparência"
"Portanto, valeu a pena fazer esse exercício", defendeu, agradecendo "a quem teve a ideia" de realizar estas reuniões, "o primeiro-ministro e o Governo", e também a todos os que as apoiaram e contribuíram para que fossem um "momento de esclarecimento e de debate aberto como não ocorreu a nenhuma outra democracia".
Segundo o Presidente da República, "o exercício conhece agora o fim de uma fase" porque "há estudos fundamentais que estão a ser feitos e que irão ser concluídos nas próximas semanas ou nos próximos meses, epidemiológicos e serológicos", porque "há convicção da estabilidade da situação da sua durabilidade" em Portugal e porque a resposta à covid-19 está a passar "do plano macro para o plano micro".
"Por todos estes motivos, parece sensato encerrar esta fase, que corresponde a um modelo que cumpriu a sua missão, mas que o tempo mostrou que é um modelo que tem de ser reajustado para novas circunstâncias", justificou.
Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que "o modelo pensado para há quatro meses", quando Portugal adotou as primeiras medidas de combate à covid-19, "precisava de ser descontinuado, fechando um ciclo e naturalmente ponderando, em tempo oportuno, a abertura de outro ciclo".
Ao final desse dia, após uma reunião com a presidente da Câmara Municipal da Amadora, o primeiro-ministro negou, contudo, o fim das reuniões no Infarmed, contrapondo que apenas não ficou definida uma data para a próxima sessão, que só deverá decorrer quando estiverem prontos dois estudos em curso sobre a covid-19 em Portugal.
"Até esses estudos estarem concluídos, em princípio no final do mês, salvo haja uma alteração significativa que justifique, não está prevista nenhuma nova reunião", afirmou António Costa.
"Com toda a probabilidade, no final do mês, teremos uma nova reunião, quando já tivermos os resultados dos estudos e houver informação acrescida a dar. Sempre que se justificar haverá novas reuniões", referiu.
O primeiro-ministro pediu que "não se faça um drama de uma situação que não tem qualquer drama".
"Neste momento, nada justifica uma nova reunião, que terá lugar quando houver dados novos. Depois, sempre que qualquer partido quiser uma informação mais concreta, obviamente estaremos totalmente disponíveis para partilhar a informação", acrescentou.